domingo, janeiro 25, 2009

afirmações

Outro dia, ocorreu uma chuva de contestação às afirmações do actual cardeal patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo; até eu achei que tais palavras eram um pouco despropositadas, pois era generalizar toda uma comunidade religiosa. Mas a livre expressão da palavra ainda é possível no nosso país e, claro está, o representante da igreja católica em Lisboa poderá dizer o que quiser.
Embora por vezes conteste algumas tomadas de posição da igreja católica em determinadas questões, considero o seu trabalho em determinados locais urbanos ou com grande estado de pobreza, muito meritório. Sem a presença de pessoas, muitas em voluntariado, ligadas a projectos ou a iniciativas promovidas pela igreja, não seria possível eliminar ou resolver determinados problemas sociais. Assim, há que pensar também no importante papel que esta instituição ocupa na nossa sociedade.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

reflexosss

“A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte. O combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, ao seu direito de ser.”

Paulo Freire

Guerras superficiais

Cada vez mais embato em pequenas guerras na sociedade portuguesa. Se algumas acho necessárias e fundamentais outras, são uma real perda de tempo. Num país em que muito se fala, parece uma espécie de moda colocar as coisas no tipo branco/preto. Assim, homens/mulheres gladiam-se (44 casos de homicídios decorrentes de violência doméstica!!) heterossexuais/homossexuais discutem modelos sociais; casados/solteiros; empregados/desempregados; aptos/inaptos; trabalhadores no sector público/trabalhadores no sector privado; empresários/empregados… e por aí fora. A lista a continuar seria interminável. Mas algumas pessoas, infelizmente, jogam nestes pólos como se a sua razão fosse única, excluindo quem não pertence ao clube. Se cada vez mais gosto de estar com quem me identifique, é um facto, não me sinto impedida, pelo contrário, a dialogar com pessoas de opiniões divergentes das minhas. Aliás, é algo que gosto de fazer com quem sabe discutir ideias, sem ressentimentos. Todavia, este último aspecto também escasseia. As pessoas num mundo inseguro e incerto, têm maior necessidade de mostrarem-se seguras e certas da verdade inexistente no que ouviram ou viram na TV ou um amigo lhes disse. Mas só em determinados locais... especialmente fora do espaço laboral. Pois, no que concerne à luta de direitos no meio laboral muitos andam calados e à surdina confessam-se com medo. Quem fala e levanta a bandeira são por vezes os mais velhos. Alguns sem necessidade. São estes homens e mulheres, com conhecimento de causa e de outras causas, que transmitem aos mais novos a necessidade de agir em colectivo, de reivindicar, de reclamar e deixarem de lado essas guerras que só enfraquecem o que é essencial.

sábado, janeiro 10, 2009

Só chapéus

Em Lisboa reparo que em tempo de muito frio começam a aparecer aqui e acolá, ali e mais além, quem se aventure a usar chapéus. Diz Vasco Santana num filme que agora não recordo, chapéus há muitos! Ah pois há, para todos os gostos e feitios e, já agora, cabeças. Todavia, na capital são raras as casas que os vendem, especialmente para o público feminino, sem ser aqueles, por vezes ordinários, para casamentos e baptizados. E poucas as que os usam.
Eu, admito, adoro chapéus! E especialmente adoro alguns chapéus de época.
Na minha memória tenho sempre presente o meu avô materno, e do qual guardo uma memória especial e muito positiva. A sua chegada a Lisboa ditava sempre uma mudança de chapéu, cosmopolita ao estilo de Fernando Pessoa ou Humphrey Bogart, em cores cinzentas. Juntamente ao seu bigode, aqueles chapéus do meu avô sempre me inquietaram, levando por isso alguns raspanetes pela abusiva manipulação.
Por estas alturas, algumas pessoas do género feminino decidiram apresentar-se e bem (!), com chapéus diversos, coloridos e alguns, bem humorados. Em menos de dois dias já vi desde o gorro, ao boné e outro ao bom estilo do início do século XX. Fiquei encantada.
Em casa tenho poucos chapéus, ao contrário de amigas que fazem colecção de alguns mas que raramente lhe fazem uso... As minhas escolhas direccionam-se quase sempre para alguns modelos masculinos dos anos 20, do século passado ou para o estilo de chapéu que usava Robert Redford em África Minha; ironicamente erotizados pelo feminino sem direito a grandes chapéus.
Outro dia, enquanto deambulava pelo Bairro Alto fiquei encantada quando finalmente vi aberta na cidade de Lisboa uma loja com vários chapéus com uma enorme variedade em tamanhos e feitios. Perdi-me aí mais de uma hora. O estilo de chapéu que comprei é para uso interno e, até ao momento, não será utilizado para exposição pública em qualquer lugarzeco de merda, sem estética para o meu chapéu. Ah pois é! :)
Neste último aspecto, não consigo racionalizar como é que há gajas, pelo contrário, que num concerto de um indivíduo musicalmente poeta ou em compras de supermercado ou em tempos de… se pavoneiam ordinariamente em casacos de peles (?!) que vão desde as pontas das réstias de neurónios até às pontas dos saltos dos sapatos. E isto não é inveja, garanto-vos! Se me aparecesse um tipo de pijama teria o mesmo efeito.
Eu sou mesmo só chapéus...

Mural

Precários nos querem, rebeldes nos terão.

Reflexo audível

Ontem ouvi este senhor.
Adorei
E já agora, obrigada.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Ai, que pena.

Quando em Portugal ouço pessoazinhas dizerem que no nosso país fazem-se muitas manifestações tenho sempre vontade de dar uma grandinha gargalhadazita. Talvez se façam algumas, e ainda bem que ainda não seja proibido fazê-las. Foi um direito, sanguinário, muito difícil de alcançar e não abdico. Sempre que me identifique com a causa em questão, saio do meu sofá e junto-me a outras tantas pessoas com semelhante propósito - manifestarem-se. Claro que há formas de expressão que questiono o propósito, ou por isto ou por aquilo como, por exemplo, as agregadas à extrema direita, ou à liberalização do consumo de cannabis ( tenham dó...) todavia, isso não me impede de afirmar que os organizadores têm o direito à manifestação pública. Se quiserem manifestarem-se sobre o direito ao cocó de cão no passeio público, ou ao direito das cabeleireiras em aplicarem laca com CFC's, façam o favor... Mas, a questão também não é essa. A questãozinha é simplex - Portugal ou melhor, o Portugalito, em termos de ajuntamento público por uma causa, meus amigos, encontra-se muito abaixo da média europeia; pasmem-se as almas - ah.... E para chegar a essa conclusão não precisamos de papar os nossos telejornais... É fazer exactamente o contrário, ou melhor, fazer o que usualmente fazemos, não sei se me entendem... - espreitar para o vizinho; isto quer dizer, ler ou ver os telejornais dos países aqui mesmo ao nosso lado. E claro que não estou a dar novidade a ninguém. É simplezinho ou, mais pós-moderna, neoliberal portuguesazinha, direi, simplex.
Portugal não tem manifestações como esta... nem vai ter. É pena. Ou melhor, é uma penazinha que me sai do peito.
Ai.

P.S. : não falei das formas de protesto. essas sim, bastante questionáveis... enquanto ainda ninguém proibir gritar, gritemos, pois então.