quarta-feira, maio 31, 2006

Expressa-te(4)

Anda cá a ver se eu deixo...

segunda-feira, maio 29, 2006

Passados

Os baús foram feitos para serem abertos e raramente presos a um sótão com o passado lá dentro. Alguns encontram nesta forma a única, para viverem. A única para se manterem vivos. Aprisionar o passado. E não saem dali nem por nada. Das recordações, das vivências, dos amigos, dos inimigos, dos primeiros beijos, dos afectos, dos complexos, de todos passados quando viviam o presente… pois dessa forma é que é feita a história.
Sobreviver é difícil mas, viver, é muito mais. As putas de dificuldades andam instaladas em muitas casas portuguesas, concerteza, encostadas à nossa porta, no vão de escada, em cima do nosso tapete de entrada, no volante do carro, na bomba da gasolina, na prestação que se presta a pedir-nos contas todos os meses… E assim não há nada melhor do que olhar para vida a partir de trás e nunca mais chegar à página que se quer. Mas, afinal, de que vale vivermos à custa de recordações? Recordar será por certo uma forma de viver mas não é viver quando só se vive à custa de um passado atrasado no tempo, quando no tempo se quer o presente, que a existir nos tempos que correm vira-se a cara, foge-se com medo da realidade vista de frente, muitas vezes preta. Há também aquelas pessoas que têm tudo para andarem de peito aberto mas, apanhados por uma espécie de vírus ò tempo volta para trás falam-nos do primeiro brinquedo, do primeiro amor, da primeira queca, da primeira bebedeira, do primeiro golo da selecção, do…da… de tudo o primeiro que os marcou. E marca. Como que cravado na pele, numa espécie de tatuagem pretendessem exibir-nos os impulsos de vida que tiveram e com o que de realmente de significativo já a compuseram.
Claro que a filha da puta da vida nos trinta é tramada cheia de confusões, desentendidos de palavras e sentimentos, colocando a comunicação numa órbita celeste superior. Chegados aos trinta começam a levar-nos a sério e tudo parece demasiado sério, todos os erros tomam uma responsabilidade cada vez maior a que temos de dar a devida conta, dizia-me outro dia uma amiga. E a conta pressupõe mais tudo: em sentimentos e acções, por vezes, com dificuldades de sustentação, em tentativas de levar o barco a porto seguro. A tarefa não é fácil e também por isso é tantas vezes difícil conduzir a vida mas, é melhor sermos nós a conduzir embora correndo riscos de ficarmos perdidos em alto mar do que deixarmo-nos ficar pelo que podia ter sido, submersos em águas estagnadas.

domingo, maio 28, 2006

Parabéns


... isto de chegar aos trintas é tramado, não há quem não nos lembre os anos que temos. Muitos Parabéns Artur, apesar dos atrasos!!!

sábado, maio 27, 2006

Ilustra a tua semana (3)

M.e. Cohen. Chandra Levy News. 2006.

Timor passa por uma situação difícil desde a sua formação em 1999. Vários militares depois de despedidos em Março realizaram nas últimas semanas vários actos de violência que provocaram várias mortes no território. Actualmente fala-se em tentativas de golpe de estado quando Xanana Gusmão coloca-se como chefe do exército e reforços estrangeiros chegam ao território para acalmar o estado crítico em que o país se encontra. Enquanto isso, em Portugal depois de lençóis brancos, cordões humanos e outros etecetras tudo parece esquecido e como o que sucede com o Iraque ou o Sudão, por exemplo, a morte encontra-se à mesa de jantar de muitas famílias portuguesas como o 'passa-me o pão'. Pois tudo parece nada e nada parece tudo.

Expressa-te (3)

De pequenino é que se torce o pepino!

quinta-feira, maio 25, 2006

Testa o teste

Who Should Paint You: Salvador Dali

You're a complex, intense creature who displays many layers.

There's no way a traditional portrait could ever capture you!

terça-feira, maio 23, 2006

Fever


Vicent Altamore. Fever.?

As minhas idas ao ginásio estão a dar os seus frutos, estou a tornar-me numa verdadeira bomba mesmo que não tenha muita pachorra para aquilo. Nem com movimentos oscilantes numa passadeira resisto à leitura, mesmo com um livro à frente ou sem livro.

Ilustra a semana passada (2)

Anthony Accardo. ?.?

Festival da Eurovisão da Canção

Teremos aí à porta mais um Festival da Eurovisão da Canção e se a idade começa a pesar na casa dos trinta, começo também agora a recordar os tempos em que me colava ao televisor, quase com as orelhas coladas à única coluna paleolítica de forma a ouvir todas as músicas que ecoavam dos vários pontos da nossa Europa. E a Europa parecia divertida, dinâmica e com muitas capacidades rítmicas e muitas beldades do sexo masculino saídos do imaginário Olimpo. Antes de cada música existia sempre uma espécie de postal audiovisual a estimular as minhas hormonas e curiosidade também em conhecer tão belos moçoilos que esta Europa guardava. Assim apaixonei-me pelos monumentos austríacos e búlgaros, pelos homens italianos e holandeses e pelas histórias da antiga Grécia e da revolução francesa. Por esta altura, Portugal aparecia quase sempre envolvido com um xaile na Torre de Belém, na guitarra portuguesa, no mar e nas naus, com uma imagem repetitiva, monótona para quem como eu acompanhou durante um período aproximado de 10 anos as aventuras e as desventuras das músicas portuguesas. Se a minha percepção do festival terá começado com o famoso sobe, sobe, balão, sobe terminou com a música da Lúcia Moniz que terá tido óptima pontuação comparada com participações portuguesas anteriores mas que só recordo o som do cavaquinho. Comparadas às Britneis e Xaquiras, para mim, para as amigas e primas existiam a não-sei-quê Bravo, a Dora das-botas lindíssimas, a Dina do-Kiui a deixarem-nos só a canção e … as Doce que deixavam-nos quase tudo: voz, movimentos, roupas… – uma da manhã, ei, ei são duas da manhã depois sem saber o que virá depois, bem bom! Para uma miúda a dar entrada na adolescência com coreografias condizentes ao ritmo, roupas cuidadas e outros etecetras tais a criar-nos a ambição de qualquer príncipe semelhante a um Tom Cruise e a desenvolver-nos as hormonas para assistirmos em transe ao filme Darty Dancing, analisado ao pormenor da piroseira da nossa adolescência mas auinda. E se o programa Chuva de Estrelas começou anos mais tarde foi certamente por que os holandeses terão observado o delírio das miúdas portuguesas em imitações levadas à perfeição entre amigas e primas faziam da primeira girls band mundial, enquanto colocavam os rapazes a concurso lá para trás com vassouras na mão transformadas em nas excitantes guitarras que ecoavam a 33 ou 45 rotações.
O Festival da Eurovisão da Canção de agora já não é o que era e se o que era já não volta a ser, fica-nos o consolo de o ter vivido com ar aparlemado de quem estava numa pontinha da Europa e que dos vizinhos mais próximos ou não vinha casamento ou mais adiante, limpeza… Ao mesmo tempo que ouvíamos os programas de poesia de Natália Correia e Mário Viegas, os portugueses abriam a janela ao mundo e deixavam-no entrar nas suas casas por algumas horas. Era o maior acontecimento cultural que a televisão portuguesa emitia e de maior audiência.
Actualmente já ninguém liga àquilo. A pequenada prefere qualquer série animada ou com frutos ou flores e os adolescentes querem mesmo e só ouvir o que mais toca nos rádios… mesmo com a maior parte das músicas cantadas em inglês, a perderem a identidade que as caracterizava. Agora emergem ritmos semelhantes ou já ouvidos em qualquer sítio, a bloquear qualquer curiosidade pela diferença da língua, da cultura, da história… A diferença foi aniquilada.
O Festival da Eurovisão da Canção deixou-se levar no cu. Vendeu-se às grandes empresas discográficas e perdeu qualquer sentido de existência, da minha parte podem encerrar a loja se a coisa continuar. Julgo que será Sábado a emissão em directo de mais um, enquanto eu vou para os lados do Bairro Alto comer um saboroso sushi e beber umas deliciosas caipiroscas. Pois embora a música ainda me acompanhe gosto de tudo ao vivo e a cores. E a vida já não existe no Festival da Eurovisão da Canção. Com a devida actualização só com monstros que pouco têm de musicalmente satânico para além do ar cénico da apresentação. E que vivam os monstros! Mesmo que continue com muito meeeeeeddddddooooooo deeeellllleeeeesssss.

segunda-feira, maio 22, 2006

Tive vários problemas de acesso à internet e assim sendo não consegui postar. É provável que os textos seguintes estejam um pouco desactualizados contudo não queria deixar de os colocar aqui pois tiveram uma razão de elaboração e uma intenção posterior de exposição. Farei provavelmente uma actualização mínima em alguns deles mas nada que altere o essencial do texto. Aqui fica a nota. Entretanto, assisto estupefacta a um debate sem tema que o valha, pelo que assisto, mas sobre várias situações relatadas num livro e várias situações ocorridas numa estação de televisão. É um reflexo dos tempos filhos da puta que escorrem. Está a ser emitido na RTP1, programa Prós e Contras com a presença não de participantes pacíficos mas com gladiadores de ideias, para suavisar, que caso sejam incitados muito pravavelmente saltarão para a arena e degladiam-se como galos, com a excepção de Pacheco Pereira que imeditamente incitará Ricardo Costa do público, contra Carrilho e Rangel. Está bonito isto...Tal como já referi anteriormente, este livro não tem nem uma gota de sumo pelo menos saudável pois, já imaginaram a quantidade de livros que todos nós temos ou deveríamos escrever neste Portugal bacoco e burocrático? Existem temáticas bem mais interessantes por exemplo as condições precárias de trabalho ou o excesso de contratos feitos a recibos verdes do que a treta de um aperto de mão, a provável manipulação como se muitos de nós ainda fóssemos manipuláveis ou qualquer outra coisa que me escuso a escrever. Não há pachorra! Assim se vive em Portugal...

sexta-feira, maio 12, 2006

Ilustra a tua semana (2)

Kathy Crowe. Motion Sickness.

P.S. : Os meios de transporte devem ser substituídos por diferentes pessoas. Colocadas em diferentes hierarquias de uma dada instituição.

Carrilhada

Tento por vezes fugir da televisão e existem momentos em que verdadeiramente consigo. Desligo o televisor e garanto-vos que o ambiente parece outro. Ou melhor, deixa de estar sobre o efeito de uma espécie de compactador e por instantes delicio-me com os sabores do silêncio. E que bem que sabe! O silêncio entre tantos ruídos e sons disformes é uma espécie de um momento biológico… sem décibeis, mesas de misturas, e outros termos que adoraria aqui colocar, múltiplos de vários milagres que ocorrem a muitas vozes emitidas na MTV.
Mas hoje quebrei os meus momentos de meditação com o clicar de um botão que direccionou-me de imediato ao fenómeno do dia que estará por aí provavelmente para ser estudado como criar à força um best seller. Garanto que ainda não li a treta do livro do Carrilho, nem espero nele gastar os poucos euros que me restam e só me resta dizer que isto não passa de uma palhaçada. Um espectáculo circense da pior envergadura. Pois até gosto de circo.
Se bem nos recordamos, o Sr. Carrilho não fez nada ou fez muito pouco para ganhar a Câmara Municipal de Lisboa. Não apresentou soluções para os problemas da cidade na altura em que devia fazê-lo, não apresentou soluções para salvar a sua campanha quando já nada havia a fazer... Da campanha que protagonizou, indo ao arquivo temporário que guardo no meu cérebro desfilo os títulos a negrito: aproveitamento da imagem da mulher e filho, pagamento de táxis para os idosos, insultos idiotas e postura pedante perante o candidato opositor com cara de totó, tiques variados com mexidas do pescoço para a frente e rápido recuo para trás a parecer qualquer animal da vida selvagem que agora me escapa o nome, contagem dos minutos que intervalavam os tiques referidos durante o debate, recusa do aperto de mão como um puto que perdeu no jogo de berlindes, várias habilidades dançarinas com a mulher, nunca visto por nenhum candidato anterior desde que sou gente e… e… pouco mais. Esta foi para mim a campanha do Carrilho. Sem ideias nem coisa que o valha.
Agora, a questão é saber o porquê deste livro. O porquê é que vivemos no período do drama, a tragédia, do caos… segundo Artur Albarran e segundo moi em que tudo pode valer para o que nada vale. O tipo até pode ser brilhante intelectualmente, uma coisa que não me toque mas o tipo está nitidamente a fazer uma jogada que pensa ele, de mestre. E talvez assim seja. Colocou-se no papel de vítima ingénua, a desconhecer os meandros da política, que tacteia há mais de 20 anos e assim, será provavelmente o primeiro português a destronar o Maior (?) Dan Brown. Que seja. Não sendo talvez esse um dos motivos, bem espremido este livro não deita nem uma gota. Nem uma gota e... Essa é que é essa!

terça-feira, maio 09, 2006

Expressa-te (2)

Essa é que é essa!

Não vou

Não me apeteceu escrever.
Não ter tempo não é desculpa para não escrever.
Não quis escrever.
Não deixei que outros aqui quisessem escrever.
Não desisti de escrever.
Não tenho o direito de escrever.
Não tenho o dever de não escrever.
Não sei qual é a intenção do que estou a escrever.
Não tenho pachorra quando digo que não quero escrever.
Não vou falar em ‘não escrever’.
Não mais vou não escrever.
Não quero escrever que nunca mais irei escrever.
Não.
Vou.
Escrever.