terça-feira, fevereiro 28, 2006

O asterisco é um moçoilo bonito, bem arranjado e muito bem disposto. Faz-se um pedido e a grande estrela que é o asterisco realiza-o, como uma espécie de mago com a sua mais que tudo lamparina. Neste fim-de-semana o asterisco emitiu entre fumos os sons do grande TOM WAITS e assim sendo, daqui envio os devidos agradecimentos com longas palmas - plack, plack, plack... Gostei e muito. Se fosse uma maga conceituada, com o livro de bruxaria bem estudado, enviaria sem demoras e burocracias adicionais uma contorcionista russa.

sábado, fevereiro 25, 2006

Sorry...

...quando for grande quero ser como a MADONNA; com maiô incluído. Há coisas que não se explicam.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Estamos quites

A música invade o meu corpo, ataca-o de forma fulminante e sem sistema de suspensão ou de controlos automáticos que conduzem muitas das nossas vidas, começo a mexer os pezinhos, para lá, acolá e volta para aqui e mais um passo, que acompanho no balancé das ancas, ziguezague das costas que se encostam a um ritmo e não o largam nem por segundos. Não existe antibiótico, derivados de ansiolíticos ou qualquer coisa que valha para disfarçar o meu desejo, de dançar e de ser sugada para uma espécie de buraco, não negro, mas iluminado por diferentes notas em diferentes tons. Em diferentes tons pois, gosto de muitos tons dos diferentes estilos de música, não todos mas, muitos, ouvidos por poucos. Fujo dos muitos, gosto dos poucos mas bons. Bons. Mahler, Puccini, Chet Baker, Coltrane, Vinicius e mais e mais outros que guardo em vários cestos cheios de caixas que prendem notas, de música. E de música é feito o meu Carnaval , com uns bons copos de vinho e de Whisky numa mesa do Bairro Alto; autista aos disfarces, às máscaras e aos ovos e à farinha e ao mau-cheiro das bombas. Que se fodam as bombas! E os estalinhos que muitas vezes risquei junto às paredes de um bairro de Lisboa. Para festejar o Carnaval deixemo-nos embalar pelos especialistas que são Made in Brasil e gozemos com todos os movimentos possíveis o som do samba. Por agora faltam-me palavras para dizer mais do que isto. Talvez por que o Carnaval nunca foi muito com a minha cara e com a dele. Estamos quites.

domingo, fevereiro 19, 2006

Cinema Paraíso

O tempo é quase sempre tramado, quando constatamos o pouco tempo que nos resta. Independentemente do tempo que seja, façamos pelo menos nosso, o tempo.
Hoje fui ver um filme de outros tempos, dos loucos anos 20, de 1927, e fiquei mais uma vez deliciada pois, embora velhinho, em que das salas de cinema soavam, não grunhidos, mas violinos, trompetes, pianos, e palavras em tamanho máxi num écran, este filme coloca muitos dos actuais na lama, no sub-solo, nos limites da crosta terreste. Sunrise, realizado por F.W. Murnau, Aurora em Portugal, é um filme que possui doses suficientes de drama e romantismo, humedecidas em valores vintage, no estado dictómico de bem/mal; família/caso ilícito; campo/cidade; vida/morte... e que em poucos 106 minutos deixaram-me a salivar e a desejar ver mais e mais uma vez os inúmeros pormenores representativos de uma época: guarda-roupa, sentido estético, planos, efeitos... ; convertidos mais tarde em reflexos. Neste tempo que também é louco.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Diálogos reflexivos (13)

- Tem o Diário de Notícias?
- Não. Já não tenho. Mas tenho o Público, o Independente, o 24 Horas...
- Tem o jornal Diário de Notícias?

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Para namorar. Numa bossa. Nova. Junto ao amor. Quente. Num dia de Inverno. Fica aqui. Aqui mesmo, à disposição de qualquer um, ou dois, Bossanova.fm - uma delícia!
Bem, está quase xuxubeleza... Andei a manhã toda por aqui no tira e põe, no mete e deita fora. Agora só falta limpar algum lixo, organizar mais uns arquivos, limpar o pó e encerar o chão e... (com bicos de papagaio e de cotovia e de galinha)... TCHAN!

domingo, fevereiro 12, 2006

Põe aqui, tira dali, acrescenta acolá e estica aqui mesmo, próximo daquilo ali. E eis o resultado... Já é tarde. Talvez amanhã resolva o problema. Talvez.

Intimidades

" Fora Mónica que conquistara Pedro, que o levara para a cama; que o desejara logo, mal o descobrira junto da janela, a olhar o crepúsculo de uma primavera tardia e ventosa, em casa de uns amigos comuns perto da Fonte Luminosa.
Fascinara-a a cor escura da sua pele, o olhar enlanguescido, fugidio, a extrema magreza do corpo alto, a ternura acentuada das mãos longas, o cabelo sedoso, caído sobre a testa.
Primeiro desejou impaciente tocar-lhe o peito, depois imaginou-lhe as nádegas ásperas, os ossos salientes das ancas, o sexo grande. E o seu corpo enrijeceu: os bicos dos seios, a língua, o clítoris, um sumo grosso a formar-se já no interior da vagina. E uma curtíssima vertigem fê-la vacilar em tudo nada, acabando por se encostar ao vão da janela onde os dois permaneceram imóveis, sentindo apenas a aproximação um do outro.
Os fluidos um do outro.
(...)
Mahler. Mónica tentava isolar-se, quando ouvia Mahler: o rosto escondido pelos punhos cerrados, a testa apoiada nas palmas das mãos. Quase gemia, mas ainda calava a suspeita daquilo que no seu coração se acoitava. Mahler. (...)"


Maria Teresa Horta. Mónica, in Intimidades. Publicações Dom Quixote.

sábado, fevereiro 11, 2006

Reflexo musical

Adieu minette

Sous tes cheveux beaucoup trop blonds
Décolorés ça va de soi
T'avais une cervelle de pigeon
Mais j'aimais ça mais j'aimais ça

Au fond de tes grands yeux si bleus
Trop maquillés ça va de soi
T'avais que'que chose de prétentieux
Que j'aimais pas que j'aimais pas

J'avais la tignasse en bataille
Et les yeux délavés
Je t'ai culbutée dans la paille
T'as pris ton pieds

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Tu m'as invité à Deauville
Dans ta résidence secondaire
Je m'suis fait chier comme un débile
Dans cette galère dans cette galère

Tu m'as présenté tes copains
Presqu'aussi cons qu'des militaires
C'était des vrais Républicains
Buveurs de bière buveurs de bière

Le grand type qui s'croyait malin
En m'traitant d'anarchiste
Je r'grette pas d'y avoir mis un pain
Avant qu'on s'quitte

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Mais quand t'es rentrée à Paname
Super fière de ton bronzage
T'as pas voulu poser tes rames sur le rivage
C'est une image

Tu m'as téléphoné cent fois
Pour que j'passe te voir à Neuilly
Dans ton pavillon près du bois
Et j'ai dit oui et j'ai dit oui

J'suis v'nu un soir à ta surboum
Avec 23 d'mes potes
On a piétiné tes loukoums
Avec nos bottes

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Faut pas en vouloir aux mariolles
Y z'ont pas eu d'éducation
A la Cour Neuve y a pas d'école
Y a qu'des prisons et du béton

D'ailleurs y z'ont pas tout cassé
Y z'ont chourravé qu'l'argentrie
Ton pote qu'y f'sait du karaté
Qu'est-ce qu'on l'ya mis qu'est-ce qu'on l'ya mis

Ton père j'l'ai traité d'enfoiré
Excuse auprès de lui
Si j'avais su que c'était vrai
J'y aurai pas dit

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Maintenant j'ai plus envie d'causer
Tu dois déjà avoir compris
Qu'on est pas né du même côté
D'la bourgeoisie d'la bougeoisie

Arrête une minute de chialer
Tu vois quand même que j't'oublie pas
Je t'téléphone en PCV
De Nouméa de Nouméa

Ça fait 3 s'maines que j'suis bidasse
L'armée c'est une grande famille
La tienne était moins dégueulasse
Follement la quille

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents.

Renaud

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Cartoons convertidos em caprichos

Agora com o tempo em acção é tempo de dizer que quando apareceu a notícia sobre um conjunto de cartoons publicados há uns meses no reino da Dinamarca e na reposição há uma semana, achei tudo uma grande paneleiragem e, com a devida precisão dos factos, fiz uma espécie de zapping … e continuei a minha vida rodeada de livros e histórias bem mais interessantes. Contudo, esqueci-me, sim sou eu, que apesar do meu mundo dito ocidental ter esfolado as estupinhas para obter um bem mais valioso do que o último prémio do euromilões - a liberdade de expressão -, esta maravilha num mundo disfarçadamente global ainda não chegou a uma parte de pessoas que desconhece os meu prazer em vestir uma saia, calçar botas pretas brilhantes de cano alto, de abrir o peito e deixar o vermelho luzir nos meus lábios. Em contrapartida, oprimem o indivíduo, em particular a mulher, em ostracismos permanentes à diferença e à afirmação plena do ser humano.
As reacções violentas promovidas por um cada vez mais perigoso fundamentalismo islâmico radical, filhos da puta, que entre muitas outras coisas desejam ver TODAS as mulheres de burka, com soiotes até ao pescoço e disponíveis a serem pontapeadas, por causa de uns cartoons da merda, ofenderam-me, revolveram-me o estômago e provocaram-me o vómito, com sofrimento. Mas ser obrigada a ficar de cócaras, frente a um conjunto de cães com raiva, comandados por uma campainha, e proferir desculpem-me por aqui sermos livres e fazermos estas coisas div…horríveis – envergonha-me e ofendem-me ainda mais enquanto cidadã europeia livre e perante toda a história de conquista de liberdades.
Depois de Kant, Rousseau, Locke e Tocqueville, entre muitos outros, deixarem-nos a mensagem tentem ser felizes e de Nietzsche ditar morte a Deus, não posso consentir que uns gajos que só reconheço em actos terroristas, violações várias às mulheres, decapitações a pessoas inocentes… digam-me como um menino mau com birra, destruindo embaixadas e incendiando bandeiras que, afinal, não posso meter conversa com Maomé.