sábado, dezembro 30, 2006

Reflexo Absoluto

Sou contra a execução da pena de morte de Saddam Hussein daqui a umas horas. E com isso não quero dizer que não seja contra os actos atrozes que mandou executar. Não vamos longe...Ficamos próximo de algo que não é a Modernidade; muito atrás, bem atrás, lá atrás mesmo.

Vivam 2007!!!!! E blá blá blá...

O Natal supostamente deveria ser uma época de festa e alegria e amor e saúde e felicidade e prendas e família e blá blá blá e blá blá e… A verdade verdadinha, o Natal é um pouco disto e muito de outras coisas fúteis, também necessárias, desde que doseadas com o devido equilíbrio; como o álcool, nada fútil e imprescindível à sobrevivência de qualquer indivíduo que se preze, a ser saboreado com a devida cautela. Não vá o diabo tecê-las e foder todo a nossa capacidade de raciocínio.
Por esta altura também é vulgar levantarmos o tapete da porta de entrada e ver a sujidade que não limpamos por mais um ano. Muitos ultrapassam as fronteiras do umbigo e do universo familiar, deles, muitos, e como que submersos de um estado de coma acordam todos os anos com ar espantado ÔÔ e com a boca também espantada: O, aberta, de onde saem em direcção ao chão mais uma vez palavras, a merecer atenção no espaço "Expressa-te" deste blog: como é quéééé possível?, Coitados… Olha, olha a miséria! Nã quero ver - nem deveria ver mesmo; onde está a bolinha? A sério! Esta gente não se embebeda?! Não acredito... E blá blá blá e blá blá.

Chegados a moi, mais uma vez a verdade verdadinha, posso confirmar o diagnostico feito por myself – padeço de um déficite natalício. Ora vejamos, não gosto dos pobrezinhos e das criancinhas coitados e coitadas que aparecem na televisão envolvidos pelo calor do discurso jornalístico, nem de compaixões feitas à pressa por que ficam bem, não gosto de prendas nem de enfeitar a casa porque é natal, nem de amigos natalícios, não gosto de jantares de natal com os colegas de trabalho ou almoços ou coisa que o valha, nem de muitas mensagens sms iguais…não gosto de amigos secretos, nem de peditóros natalícios, não gosto de bacalhau cozido, não gosto de… blá blá blá e blá blá. Gosto de olhar nos olhos, com movimento nas mãos e palavras soltas nos actos que se fizeram ou fazem. Gosto das cuecas altas que a tia oferece embora não as use, gosto daqueles presentes dos 300 daquela amiga, gosto do bolo-rei da pastelaria Versailles, gosto dos sonhos da minha mãe em calda, gosto daquelas coisas todas de natal feitos à mão, gosto de todas as prendas da minha avó com 90 anos, gosto dos pijamas tipo anos 80 com folhos que a minha mãe insiste em dar-me, gosto do olhar de uma criança quando recebe um abraço depois de ter recebido aquele brinquedo… e gosto muito mais daquele abraço forte da mãe, mais um natal, do olhar brilhante das tias entre chá e conversas sobre a vida de outros tempos difíceis mas felizes filha, encontros com os amigos em que se trocam as prendas pela conversa viva, e … blá blá blá e blá blá.

Já cansada de tanta bolinha, luzinha, anjinho, pai natalzinho… chego ao novo ano com lágrimas nos olhos num espaço meu, facto ainda por diagnosticar por myself com necessidade de 20 anos de psicanálise contínua. E prontossssss! Vivam 2007!!!!!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Expressa-te (7)

Não há festa como esta!

domingo, dezembro 10, 2006

Voto reflexivo

No dia 11 de Fevereiro de 2007 votarei SIM.

sábado, dezembro 02, 2006

The Science of Sleep


Se a maioria dos filmes fosse assim iria todos os dias ao cinema! Por enquanto vou só ao fim de semana. Mas amanhã vou novamente. Só para ver Ciência dos Sonhos.
Mais uma vez.

Diálogos reflexivos (15)

- Sabia que o bacalhau está em vias de extinção?
- Tá? Mas isso não é problema para nós. Se não vem da Noruega vem da Islândia, da Rússia...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Existem pessoas que não sabem o que fazer à sua vidinha filha da puta... E assim devem ter um prazer especial em tentar chatear a VIDA dos outros; coitado... Já constatei após várias experiências que sempre que aqui escrevo sobre a minha vida sentimental alguma coisa sucede ao meu carro... Pois é. Mas foi a última vez! Por que a próxima vez que tal acontecer garanto que vais finalmente ver-me mas à porta do teu trabalho com uma escavadora com livre trânsito para levar o teu maravilhoso e enorme carro para a sucata. Não esperes. Tenta mais uma vez...

domingo, novembro 26, 2006

Ilustra o teu fim-de-semana

Susan Bodwen. Giss A Kiss. 2006.

Sem capacetes nem óculos de protecção. Por que para moi o amor quer-se mesmo assim: tudo (ou nada). Cá estarei para limpar os cacos, se os houver.

Locais

Existem locais onde de vez em quando ou de quando em vez bato à porta devagar e entro sem esperar por resposta, basta um impulso quer eu esteja só-só, , só-acompanhada, acompanhada-só, acompanhada-acompanhada. Nestes dois últimos casos, raramente digo que podem-me encontrar ali, às vezes, em qualquer situação. Pois são locais onde me deito, choro, sorrio, confesso e obtenho energias de que necessito para uma semana quase sempre desgastante mas muitas vezes feliz. São também a minha morada onde deixo partículas por vezes difusas, outras objectivas, do que quero da minha vida; minha vida, sempre. Se falassem teriam muito que contar… mas também é por isso que gosto deles, por estar neles uma linguagem que não compreendo nem quero, com poucos significados e significantes(bastam-me muitos outros), um simples barulho selvagem com a força que me acalma; não gosto de coisas paradas.
Estes locais, sendo vários, têm só um ponto de intersecção – o mar (bravo). Sobre ele estendo os meus olhos na forma, no jeito, na inquietude com que se formam as ondas, sempre diferentes, irrepetíveis, como a vida. A inconstância (não gosto de muitas rotinas) com uma suposta lógica em estudos marinhos e a aparente não dominação das ondas enormes de contornos sempre diversos entusiasmam-me. Contudo, desagrada-me vê-lo realmente furioso, provocado por lógicas forças em estudos de sismologia.
Mar calmo só ao fim do dia quando estou muito muito cansada e para aí virada ou à noite para deitar-me sobre a manta de água e ficar a olhar as estrelas ou, o teu olhar.
Hoje estive num dos meus locais só-acompanhada e foi óptimo pensar, olhar, pensar no olhar, a pensar; como sempre fiz. Mas, rodeada agora por muitas pessoas que não sentadas sobre a areia surfavam, muitos, corriam vários homens, caminhavam incontáveis mulheres, saltavam, olhavam sós-sós ou sós-acompanhados homens e mulheres. Tanto faz, para mim. Faz-me impressão ver os meus locais invadidos por manias ou modas ou afirmação ou sei lá o quê, produto de uma sociedade: pós-moderna, capitalista, pós-industrial, consumista, da informação, da modernidade tardia, em rede, do conhecimento, de risco, de modernidade líquida, moderna, programada, da 3ª vaga… Com mais ou menos variações, ondulações mais calmas ou extremistas, a navegarem todas no mesmo mar… Nosso. Particular. Xô, vão-se embora! Já cá estava. E estou.

sábado, novembro 25, 2006

Nunca

Nunca tinha saboreado em Lisboa tanto vento a bater-me na cara.
Nunca tinha visto as árvores em Portugal a abanarem tanto.
Nunca tinha tocado num chapéu com tamanha vontade de voar.
Nunca tinha ouvido pessoas que se encostavam a paredes e libertavam que horror…

Nunca tinha sentido os meus pés quase a descolarem.
Nunca tinha saboreado o meu amor num temporal.
Nunca tinha visto tantos chapéus de chuva vadios.
Nunca tinha tocado em folhas que encontravam o meu rosto.
Nunca tinha ouvido várias buzinadelas estúpidas.
Nunca tinha sentido tantos empurrões da Natureza.
Nunca tinha saboreado um beijo intenso na chuva intensa; de hoje.
Nunca tinha visto muitos carros abanarem-se em simultâneo.
Nunca tinha tocado o meu carro quase em outro carro.
Nunca tinha ouvido tantas pessoas a descreverem sensações.
Nunca. Não tinha. Tenho agora.

terça-feira, novembro 21, 2006

Acontece

Este mundo está cheio. Todos sabemos; de muita coisa. Coisas boas, algumas. Coisas muito boas, poucas. Coisas vulgares, superficiais, banais, muitas. Coisas más e muito más, muitas muitas. Se imaginarmos como total mundo e fizermos umas contas de subtrair e outras de somar, de vez em quando, com várias multiplicações e muitas divisões podemos até pensar que isto afinal não é assim tão mau. É menos mal do que havíamos pensado. Uma média entre a filha de uma putice e uma beatice arcaica e, quer-se, menos hipócrita e mais uma série de outras coisas que bem esprimidos sabemos, alguns poucos, alguns; poucos. Não tendo aspirações a miss, deixei há muito muito de vomitar paz para o mundo, fim dos conflitos, e outros etecretas tais que confluem no mesmo mar… existe algo que é a essência humana e sobre a qual não coloco varinhas de condão nas mãos de fadas sempre com vestidos brilhantes, a padecerem de anorexia, coitadas; fadas e misses e aspiradoras a miss.
Mas hoje mais uma vez acho que isto está cheio de gente porreira com uma paciência de cão. Mesmo quando fazemos as tais coisas organizadas, menos menos, fazemos muitas vezes mal e pelas razões mais estapafúrdias; ou fizemos. Sim, também sou do povinho e sei o que me custa o ganha pão enquanto uns não sei quantos subiram para o senso comum na hierarquia de parvos a espertos…
Bem, vamos lá avançar. Estava numa avenida não sei o quê no meu carro brilhante e lindo e mudo ligeiramente de faixa, mas não sei porquê o pisca manteve-se activo, sem saída de via à vista. Entre cantaroladas silenciosas, raro, ao som de uma rádio com boa música, poucas poucas, entra pela janela do meu carro um capacete com uma cabeça lá dentro, com boca que disse, não precisa do pisca, não vai mudar de faixa. Os meus olhos na cabeça que estavam assim õõ ficaram ÔÕ, sem hipótese de abrir também a minha boca na minha cabeça sem capacete e desliguei de imediato o pisca direito. E lá foi o capacete com cabeça com boca em cima de uma lambreta, a lembrar os nossos motards dos anos 80. Brimmmmmmmmmmm Brim Brim Brim Brimmmmmmmmmmmmm
Há coisas, muitas muitas, que não se explicam, acontecem. Esta menos mal.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Parei

Parei por instantes. Por aqui. Avancei em outros instantes daqui; deste lado de cá. E abri num instante a janela - sorri ao mundo; ao meu mundo. Numa mescla de sentimentos estendi-os e deixei-os a apanhar sol, enquanto empoleirava-me para o vento bater na cara; sem me perder, encontrei um pouco. Encontrei-te. Mais do que nas palavras que se perdem no tempo, descobri-te nos actos que perduram a tua existência, em mim. Encostei-me. Lentamente sobre o teu ombro, senti o teu beijo na minha face, longo, suave e molhado de desejos embrulhados em caixas que guardamos dentro de nós. Desembrulhei-me, também. Entre histórias gregas e telas que pintaram muitos dos toques diários dos nossos pés e luzes na visão (por vezes escura) de admirarmos o mundo; nosso. Deixámo-nos ficar. E por lá fiquei. E por lá ainda estou. E aqui venho para buscar um pouco de mim, que não esqueci, mas levo-lhe. Levo-me leve; ao amor - tudo do que sou, da existência; minha. Meu.

quarta-feira, agosto 23, 2006

É chato

De férias. Não há tempo, e o pouco tempo quando aparece é para lembrar que afinal este estado de adormecimento é momentâneo e em breve terá um fim, deseja-se mais no próximo ano. Por agora quase tudo decorre lentamente, os dias já não os sinto. Uma ou duas vezes por semana, não me recordo, vou ao calendário. Observo o dia, o dia da semana e conto quantos dias faltam para este estado de calma terminar. Calma. Mas que calma é esta que pouca vontade cria pela leitura, nenhuma vontade em querer saber o que se passa para além dos limites familiares? Não é calma, por certo. Não pode ser. Calma. Acalma. Calma. Deito-me na toalha e por momentos elevo o meu tronco, apoiado pelos braços e fixo-me no movimento. Do mar. Na ondulação que vai e vem, mas nunca é a mesma, nunca se repete, e o máximo que poderá existir são parcenças em relação a outra que já foi. Fui para baixo. Deito-me completamente na toalha, mais uma vez e com óculos de sol fico suspensa no céu. O meu olhar. Pouco limpo, o céu. As nunvens teimam em percorrer o espaço e o sol esconde-se. Cá em baixo, abrem-se os olhos sem óculos de sol e ouve-se que chatisse. Afinal também isto é chato. Medonho. Queres levar uma lambada?, expressa-se uma mãe a um filho que corre de um lado para o outro e atira areia às pessoas que estão de olhos fechados sem óculos de sol viradas com a frente para o céu. As pessoas abrem os olhos, olham o miúdo e não lhe dizem nada. Sacodem a areia e proferem que chatisse. É chato. O céu ficou cheio de nuvens muito rapidamente. O sol está no céu, atrás das nuvens. As pessoas que estavam deitadas para o sol, movimentam-se. Algumas queixam-se do desaparecimento do sol. Outras queixam-se e vestem-se e vão-se embora. Aparece o vento. Que ganda chatisse? Já viste como isto ficou pá?!, diz um senhor com ar ofendido e com a pele muito vermelha. Chega o frio. Levanto-me. Sacudo a toalha. Sacudo a areia do meu corpo. Visto-me. Coloco a toalha por cima do ombro e deixo a praia. Por hoje.

quinta-feira, julho 27, 2006

Australian Nissan Tiida Ad ( Kim Cattrall )

Estou oficialmente de férias a partir do dia 27!!! Agora deixem-me gozar...

sexta-feira, julho 07, 2006

Prazer

Viva o Verão e o sol que se esbate sobre a nossa pele, agora devidamente protegida como um qualquer protector solar de valor não inferior a 30 pois até já nos tramaram o prazer de sentir o calor sobre a pele. Isto estará tudo contaminado, e tudo que parecia nada agora é um tudo de que depende a nossa sobrevivência. Mas ao nada regressaremos depois de tentarmos tudo para sermos um todo incompleto comose quer. E eu por agora não quero nada, vou directamente para o Norte a um festival de curtas e não sei se regressarei a tempo ou com tempo de por aqui manter esta gruta. Ai que pensamentos meus que só querem boa vida e o trabalho obrigatório que se lixe pois se de trabalho vive o homem e a mulher, aspiro sempre ao prazer. É o prazer a nossa pedra preciosa, o nosso elixir, a nossa bebida mágica a retira-nos das trevas… Ai… tenho medo. Adiante É o prazer da companhia com aquela pessoa que nos encaminha para o amor, é o prazer pelo trabalho capaz de tornar o impossível no possível, é o prazer de viver que nos permite sentir com todos os sentidos cada momento das nossas vidas como único e tentar torná-lo inesquecível. Sendo que todos procuramos o mesmo – a felicidade – já imaginaram do que seria a felicidade sem o prazer? A felicidade só se concebe pelo prazer que nos transmite, a ecoar pelos nossos poros e percorrer o nosso corpo desde a pontinha do pé à pontinha do cabelo. Não há nada mais maravilhoso num livro, com uma pessoa, numa conversa, num filme, numa queca, num olhar, num sonho, num acto, num momento em que afinal acordamos e sentimo-nos vivos. Com prazer. Pois também há quem não tenha prazer em nada do que faz. E isso é tramado… Muito mau mesmo.

quinta-feira, junho 29, 2006

Momento Zen

Estou farta do Mundial. Do adormecimento momentâneo das cabeças entre os pés que elevam bolas numa geometria confusa sem razão para tangentes ou cotagentes, e pior elipses erráticas. Pois se dizem que o futecol é uma ciência, meus amigos, eu serei uma verdadeira Deusa. Este dia ou estes dias de descanso são neste momento o meu espaço Zen, em que consigo sem ruídos estridentes empoleirar-me na minha janela e respirar bem fundo, no fundo. De paz. Imaginem se isto decorresse durante muito tempo… eu, com toda a certeza, garanto-vos, estaria internada numa qualquer estabelecimento psiquiátrico com ilucinações dobre f**** de j*** . Pois a minha vida não é feita disto. Neste momento preocupo-me mais com os ataques esquecidos num fundo de página de jornal sobre os palestinianos, povo sofrido pela incongruência dos homens sobre outros homens apenas, sem coisa que o valhe. Talvez a minha consciência esteja demasiado consciente pois leio o livro Quando Nietzsche chorou que não diz tudo sobre este grande autor- Nietzsche - mas imprime algumas das suas palavras: a recompensa final dos mortos é não morrerem mais!. Por isso amigos, vá para o caralho o M******, que se foda a nossa s******* e que seja um filho da puta o vencedor. Pois o Mundo não gira a volta de uma b*** mas parece que se deixa foder por uns resultados que sobre nada evoluiremos. Atirem-se de estátuas, quebrem costelas, gritem com todas as goelas, ponham bandeiras na janela, abanem euforias enquanto as vossas vidas se perdem pois sobre isso só retenho a pobreza dos vossos espíritos. Cagalhões para todos os g**** do M****** e um retrete cheia de merda para os espíritos embriagados. Já disse. Feliz.

sexta-feira, junho 23, 2006

Expressa-te (6)

Foi com o pé que tinha mais à mão.

Diálogos reflexivos mas distorcidos

Pensar que estou numa praia, abandonada eu a olhar a linha do horizonte que divide o mar da terra; fundindo-se ao longe estes dois elementos que fazem-nos crianças acreditar que ultrapassada a linha do horizonte teremos provavelmente outro mundo, outros mundos, que este já chateia. Chateio-me. Aborreço-me melhor e continuo a pensar que a vida, contra a visão hedonista, também é vida quando menos o parece, quando mais a questionamos, quando mais a desejamos entre a inexistente presente. Jamais ultrapassaria linhas imaginárias, ilusões de óptica que constantemente fazem-nos cair, cair entre efémeras verdades que existindo são simplesmente, também sós, nossas, partilhadas numa aquisição de adeptos por uma verdade entre outras as que transportamos particulares ou universais. São a nossa vida. Também a minha, que não me deixa ultrapassar aquela linha do horizonte que funde o mar na terra; mentira.

sexta-feira, junho 09, 2006

Testa o teste

Você até tem um certo jeito, e de vez em quando faz um brilharete; mas geralmente anda um bocado à nora. A organização não é o seu forte, você confia em absoluto no instinto. Você é pão-pão queijo-queijo: tudo ou nada! Acha sempre que vai conseguir ter tudo, mas, aqui entre nós, ou fica lá muito perto ou dá uma monumental barraca.

E está tudo dito! Quando é que começamos a jogar? A verdade verdadinha é que estou que já não posso com o mundial...Vamos aos golos.

Expressa-te (5)

Estou que não posso...

quinta-feira, junho 08, 2006

Ilustra a semana passada (3)

Tom Bagshaw. Downfall. 2005.

Com este calor insuportável só me apeteceu chegar a casa, estender-me no chão e deixar-me ficar por uns minutos. Entretanto, o tecto anda a precisar de uma pintura.

Os Pilinhas

Estou que não me aguento. Chegou a época das obras e alguns, poucos, decidem por esta altura de sol a 40ºC realizar um conjunto de remodelações que ambicionavam há anos na sua linda e alegre casinha. O meu prédio parece submetido a um ataque de metralhadoras e a trepideira sente-se desde o armário até à pontinha da minha pintilheira, rima que até dá gosto. A única coisa mais linda é ver os trolhas com os seus reluzentes corpos de suor a carregar uns quantos tijolos que até animam a vista, com pronúncia importada dos Balcãs incluída. Ai… que estou mal, vou ali abaixo à procura de um médico que roda a batoneira e já volto. Sem resultados no que se refere à especialidade, registei engenheiros, professores e até um bibliotecário com conhecimentos na área solicitada. Ai que este mundo perde-se com tamanha tortura.
Saio de casa e decido deambular pelo meu bairro com uma considerável população idosa e eis que encontro o grupo Os Pilinhas. O grupo Os Pilinhas está em todo lado, sem distinção entre espaço urbano ou rural, ou grupo social económico. São contudo necessárias as condições: ser homem; ser reformado ou, em casos raros, desempregado; e encontrar-se no período da terceira idade, tudo o resto é secundário. No caso de Lisboa, a área observada, Os Pilinhas podem ser vistos em vários sítios, mas o local mais comum da sua presença é o jardim. Sentam-se a jogar especialmente à sueca (quase o único elemento feminino como A cerveja) ou encostam-se uns aos outros à volta da mesa de jogo, enquanto outros, poucos, espalham-se em conversas que invariavelmente têm e só dois destinos: futebol e as quecas dadas no passado.
Sinceramente nunca percebi este fenómeno que faz tanto amontoar masculino, como se mais nada existisse na vida; há quem diga que Os Pilinhas são gays mas eu não vou tão longe, fico-me só por aqui, embora questione tão interessante fenómeno masculino português.

Os Pilinhas tês vários momentos de confraternização. O momento de competição dos Pilinhas é quase sempre num jardim. Através do jogo de cartas, alguns adquirem um estatuto tal que podem mesmo ser vistos como os pilões. Contudo, eles partilham outros espaços. Adoram encontrar-se numa qualquer tasca deste país e aí têm momentos de psicoterapia partilhada pelo colectivo. Lembram-se muitas vezes que têm mulheres e choram compulsivamente ou aparentam uma alegria pouco comum. Outro momento em que podemos ver o grupo Os Pilinhas reunido é num qualquer estabelecimento comercial a acompanharem uma partida de futebol. Neste momento tendem a libertar tensões e quase em uníssono chamam nomes a algumas figuras que aparecem no ecran: vai para o caralho árbitro da merda, não corres nada ca-brão de um caralho ou o caralho do gajo é mesmo frouxo, por exemplo. E mais não digo.

Os Pilinhas tornaram-se assim património nacional em vias de desenvolvimento, poderá encontrá-los perto de si em qualquer lugar e, pelo que já me foi dado a ver, eles também apoiam a selecção nacional. Vivam Os Pilinhas!!!

sábado, junho 03, 2006


E não que eles vieram... trinta e três!!! Fica este paninho de parede pois por aqui já não há pachorra para festejos.

- Diga lá outravez: trin-ta-e-três.
- Tlinta e tlês.
- Não. Diga trin--ta-ta-e-e-trêssss.
-Vinte e três. Não consigo mais...
- Trrrrrinnnnnnttttttaaaaa-eeeeee-três!
-Tlinta e tlês. Não consigo. A sério, não consigo.

quarta-feira, maio 31, 2006

Expressa-te(4)

Anda cá a ver se eu deixo...

segunda-feira, maio 29, 2006

Passados

Os baús foram feitos para serem abertos e raramente presos a um sótão com o passado lá dentro. Alguns encontram nesta forma a única, para viverem. A única para se manterem vivos. Aprisionar o passado. E não saem dali nem por nada. Das recordações, das vivências, dos amigos, dos inimigos, dos primeiros beijos, dos afectos, dos complexos, de todos passados quando viviam o presente… pois dessa forma é que é feita a história.
Sobreviver é difícil mas, viver, é muito mais. As putas de dificuldades andam instaladas em muitas casas portuguesas, concerteza, encostadas à nossa porta, no vão de escada, em cima do nosso tapete de entrada, no volante do carro, na bomba da gasolina, na prestação que se presta a pedir-nos contas todos os meses… E assim não há nada melhor do que olhar para vida a partir de trás e nunca mais chegar à página que se quer. Mas, afinal, de que vale vivermos à custa de recordações? Recordar será por certo uma forma de viver mas não é viver quando só se vive à custa de um passado atrasado no tempo, quando no tempo se quer o presente, que a existir nos tempos que correm vira-se a cara, foge-se com medo da realidade vista de frente, muitas vezes preta. Há também aquelas pessoas que têm tudo para andarem de peito aberto mas, apanhados por uma espécie de vírus ò tempo volta para trás falam-nos do primeiro brinquedo, do primeiro amor, da primeira queca, da primeira bebedeira, do primeiro golo da selecção, do…da… de tudo o primeiro que os marcou. E marca. Como que cravado na pele, numa espécie de tatuagem pretendessem exibir-nos os impulsos de vida que tiveram e com o que de realmente de significativo já a compuseram.
Claro que a filha da puta da vida nos trinta é tramada cheia de confusões, desentendidos de palavras e sentimentos, colocando a comunicação numa órbita celeste superior. Chegados aos trinta começam a levar-nos a sério e tudo parece demasiado sério, todos os erros tomam uma responsabilidade cada vez maior a que temos de dar a devida conta, dizia-me outro dia uma amiga. E a conta pressupõe mais tudo: em sentimentos e acções, por vezes, com dificuldades de sustentação, em tentativas de levar o barco a porto seguro. A tarefa não é fácil e também por isso é tantas vezes difícil conduzir a vida mas, é melhor sermos nós a conduzir embora correndo riscos de ficarmos perdidos em alto mar do que deixarmo-nos ficar pelo que podia ter sido, submersos em águas estagnadas.

domingo, maio 28, 2006

Parabéns


... isto de chegar aos trintas é tramado, não há quem não nos lembre os anos que temos. Muitos Parabéns Artur, apesar dos atrasos!!!

sábado, maio 27, 2006

Ilustra a tua semana (3)

M.e. Cohen. Chandra Levy News. 2006.

Timor passa por uma situação difícil desde a sua formação em 1999. Vários militares depois de despedidos em Março realizaram nas últimas semanas vários actos de violência que provocaram várias mortes no território. Actualmente fala-se em tentativas de golpe de estado quando Xanana Gusmão coloca-se como chefe do exército e reforços estrangeiros chegam ao território para acalmar o estado crítico em que o país se encontra. Enquanto isso, em Portugal depois de lençóis brancos, cordões humanos e outros etecetras tudo parece esquecido e como o que sucede com o Iraque ou o Sudão, por exemplo, a morte encontra-se à mesa de jantar de muitas famílias portuguesas como o 'passa-me o pão'. Pois tudo parece nada e nada parece tudo.

Expressa-te (3)

De pequenino é que se torce o pepino!

quinta-feira, maio 25, 2006

Testa o teste

Who Should Paint You: Salvador Dali

You're a complex, intense creature who displays many layers.

There's no way a traditional portrait could ever capture you!

terça-feira, maio 23, 2006

Fever


Vicent Altamore. Fever.?

As minhas idas ao ginásio estão a dar os seus frutos, estou a tornar-me numa verdadeira bomba mesmo que não tenha muita pachorra para aquilo. Nem com movimentos oscilantes numa passadeira resisto à leitura, mesmo com um livro à frente ou sem livro.

Ilustra a semana passada (2)

Anthony Accardo. ?.?

Festival da Eurovisão da Canção

Teremos aí à porta mais um Festival da Eurovisão da Canção e se a idade começa a pesar na casa dos trinta, começo também agora a recordar os tempos em que me colava ao televisor, quase com as orelhas coladas à única coluna paleolítica de forma a ouvir todas as músicas que ecoavam dos vários pontos da nossa Europa. E a Europa parecia divertida, dinâmica e com muitas capacidades rítmicas e muitas beldades do sexo masculino saídos do imaginário Olimpo. Antes de cada música existia sempre uma espécie de postal audiovisual a estimular as minhas hormonas e curiosidade também em conhecer tão belos moçoilos que esta Europa guardava. Assim apaixonei-me pelos monumentos austríacos e búlgaros, pelos homens italianos e holandeses e pelas histórias da antiga Grécia e da revolução francesa. Por esta altura, Portugal aparecia quase sempre envolvido com um xaile na Torre de Belém, na guitarra portuguesa, no mar e nas naus, com uma imagem repetitiva, monótona para quem como eu acompanhou durante um período aproximado de 10 anos as aventuras e as desventuras das músicas portuguesas. Se a minha percepção do festival terá começado com o famoso sobe, sobe, balão, sobe terminou com a música da Lúcia Moniz que terá tido óptima pontuação comparada com participações portuguesas anteriores mas que só recordo o som do cavaquinho. Comparadas às Britneis e Xaquiras, para mim, para as amigas e primas existiam a não-sei-quê Bravo, a Dora das-botas lindíssimas, a Dina do-Kiui a deixarem-nos só a canção e … as Doce que deixavam-nos quase tudo: voz, movimentos, roupas… – uma da manhã, ei, ei são duas da manhã depois sem saber o que virá depois, bem bom! Para uma miúda a dar entrada na adolescência com coreografias condizentes ao ritmo, roupas cuidadas e outros etecetras tais a criar-nos a ambição de qualquer príncipe semelhante a um Tom Cruise e a desenvolver-nos as hormonas para assistirmos em transe ao filme Darty Dancing, analisado ao pormenor da piroseira da nossa adolescência mas auinda. E se o programa Chuva de Estrelas começou anos mais tarde foi certamente por que os holandeses terão observado o delírio das miúdas portuguesas em imitações levadas à perfeição entre amigas e primas faziam da primeira girls band mundial, enquanto colocavam os rapazes a concurso lá para trás com vassouras na mão transformadas em nas excitantes guitarras que ecoavam a 33 ou 45 rotações.
O Festival da Eurovisão da Canção de agora já não é o que era e se o que era já não volta a ser, fica-nos o consolo de o ter vivido com ar aparlemado de quem estava numa pontinha da Europa e que dos vizinhos mais próximos ou não vinha casamento ou mais adiante, limpeza… Ao mesmo tempo que ouvíamos os programas de poesia de Natália Correia e Mário Viegas, os portugueses abriam a janela ao mundo e deixavam-no entrar nas suas casas por algumas horas. Era o maior acontecimento cultural que a televisão portuguesa emitia e de maior audiência.
Actualmente já ninguém liga àquilo. A pequenada prefere qualquer série animada ou com frutos ou flores e os adolescentes querem mesmo e só ouvir o que mais toca nos rádios… mesmo com a maior parte das músicas cantadas em inglês, a perderem a identidade que as caracterizava. Agora emergem ritmos semelhantes ou já ouvidos em qualquer sítio, a bloquear qualquer curiosidade pela diferença da língua, da cultura, da história… A diferença foi aniquilada.
O Festival da Eurovisão da Canção deixou-se levar no cu. Vendeu-se às grandes empresas discográficas e perdeu qualquer sentido de existência, da minha parte podem encerrar a loja se a coisa continuar. Julgo que será Sábado a emissão em directo de mais um, enquanto eu vou para os lados do Bairro Alto comer um saboroso sushi e beber umas deliciosas caipiroscas. Pois embora a música ainda me acompanhe gosto de tudo ao vivo e a cores. E a vida já não existe no Festival da Eurovisão da Canção. Com a devida actualização só com monstros que pouco têm de musicalmente satânico para além do ar cénico da apresentação. E que vivam os monstros! Mesmo que continue com muito meeeeeeddddddooooooo deeeellllleeeeesssss.

segunda-feira, maio 22, 2006

Tive vários problemas de acesso à internet e assim sendo não consegui postar. É provável que os textos seguintes estejam um pouco desactualizados contudo não queria deixar de os colocar aqui pois tiveram uma razão de elaboração e uma intenção posterior de exposição. Farei provavelmente uma actualização mínima em alguns deles mas nada que altere o essencial do texto. Aqui fica a nota. Entretanto, assisto estupefacta a um debate sem tema que o valha, pelo que assisto, mas sobre várias situações relatadas num livro e várias situações ocorridas numa estação de televisão. É um reflexo dos tempos filhos da puta que escorrem. Está a ser emitido na RTP1, programa Prós e Contras com a presença não de participantes pacíficos mas com gladiadores de ideias, para suavisar, que caso sejam incitados muito pravavelmente saltarão para a arena e degladiam-se como galos, com a excepção de Pacheco Pereira que imeditamente incitará Ricardo Costa do público, contra Carrilho e Rangel. Está bonito isto...Tal como já referi anteriormente, este livro não tem nem uma gota de sumo pelo menos saudável pois, já imaginaram a quantidade de livros que todos nós temos ou deveríamos escrever neste Portugal bacoco e burocrático? Existem temáticas bem mais interessantes por exemplo as condições precárias de trabalho ou o excesso de contratos feitos a recibos verdes do que a treta de um aperto de mão, a provável manipulação como se muitos de nós ainda fóssemos manipuláveis ou qualquer outra coisa que me escuso a escrever. Não há pachorra! Assim se vive em Portugal...

sexta-feira, maio 12, 2006

Ilustra a tua semana (2)

Kathy Crowe. Motion Sickness.

P.S. : Os meios de transporte devem ser substituídos por diferentes pessoas. Colocadas em diferentes hierarquias de uma dada instituição.

Carrilhada

Tento por vezes fugir da televisão e existem momentos em que verdadeiramente consigo. Desligo o televisor e garanto-vos que o ambiente parece outro. Ou melhor, deixa de estar sobre o efeito de uma espécie de compactador e por instantes delicio-me com os sabores do silêncio. E que bem que sabe! O silêncio entre tantos ruídos e sons disformes é uma espécie de um momento biológico… sem décibeis, mesas de misturas, e outros termos que adoraria aqui colocar, múltiplos de vários milagres que ocorrem a muitas vozes emitidas na MTV.
Mas hoje quebrei os meus momentos de meditação com o clicar de um botão que direccionou-me de imediato ao fenómeno do dia que estará por aí provavelmente para ser estudado como criar à força um best seller. Garanto que ainda não li a treta do livro do Carrilho, nem espero nele gastar os poucos euros que me restam e só me resta dizer que isto não passa de uma palhaçada. Um espectáculo circense da pior envergadura. Pois até gosto de circo.
Se bem nos recordamos, o Sr. Carrilho não fez nada ou fez muito pouco para ganhar a Câmara Municipal de Lisboa. Não apresentou soluções para os problemas da cidade na altura em que devia fazê-lo, não apresentou soluções para salvar a sua campanha quando já nada havia a fazer... Da campanha que protagonizou, indo ao arquivo temporário que guardo no meu cérebro desfilo os títulos a negrito: aproveitamento da imagem da mulher e filho, pagamento de táxis para os idosos, insultos idiotas e postura pedante perante o candidato opositor com cara de totó, tiques variados com mexidas do pescoço para a frente e rápido recuo para trás a parecer qualquer animal da vida selvagem que agora me escapa o nome, contagem dos minutos que intervalavam os tiques referidos durante o debate, recusa do aperto de mão como um puto que perdeu no jogo de berlindes, várias habilidades dançarinas com a mulher, nunca visto por nenhum candidato anterior desde que sou gente e… e… pouco mais. Esta foi para mim a campanha do Carrilho. Sem ideias nem coisa que o valha.
Agora, a questão é saber o porquê deste livro. O porquê é que vivemos no período do drama, a tragédia, do caos… segundo Artur Albarran e segundo moi em que tudo pode valer para o que nada vale. O tipo até pode ser brilhante intelectualmente, uma coisa que não me toque mas o tipo está nitidamente a fazer uma jogada que pensa ele, de mestre. E talvez assim seja. Colocou-se no papel de vítima ingénua, a desconhecer os meandros da política, que tacteia há mais de 20 anos e assim, será provavelmente o primeiro português a destronar o Maior (?) Dan Brown. Que seja. Não sendo talvez esse um dos motivos, bem espremido este livro não deita nem uma gota. Nem uma gota e... Essa é que é essa!

terça-feira, maio 09, 2006

Expressa-te (2)

Essa é que é essa!

Não vou

Não me apeteceu escrever.
Não ter tempo não é desculpa para não escrever.
Não quis escrever.
Não deixei que outros aqui quisessem escrever.
Não desisti de escrever.
Não tenho o direito de escrever.
Não tenho o dever de não escrever.
Não sei qual é a intenção do que estou a escrever.
Não tenho pachorra quando digo que não quero escrever.
Não vou falar em ‘não escrever’.
Não mais vou não escrever.
Não quero escrever que nunca mais irei escrever.
Não.
Vou.
Escrever.

quarta-feira, abril 05, 2006

Expressa-te

Cá em casa tudo é Benfica, desde o piquenino ao meior.

terça-feira, abril 04, 2006

Ilustra a semana passada

Gabriela Burin. Sem título. 2005 (?)

Amo amar

À medida que a idade avança, os pensamentos também mudam e adaptam-se a outros contextos, experiências, expectativas, sonhos… à medida que amamos e descobrimos novas formas de amar. Amar é tão importante como respirar. Sem amor tudo poderá ficar reduzido a um mero lamaçal, a um filme em estado de pause ou stop definitivo, ou um livro numa estante nunca aberto. Tudo poderá parecer nada. Por nada importará viver. Sobrevive-se arqueado sem os cinco sentidos activos, desactivado o sentir do coração a bater forte, forte.
Existem várias maneiras, modos, formas, tipos de amar. Mas verdade também é que muitos não amam coisa alguma. Coisas. Objectos. Pessoas. Lugares. Animais. Locais. Livros. Sonhos... Nisto aqui me confesso militante partidária do amor pois, não só é algo em que acredito como só a permanência de tal sentimento na minha vida me permite manter uma espécie de GPS Top de gama ligado em estado quase quase permanente, a distribuir-me indicações várias em tempo mais ou menos adequado sobre o melhor caminho a seguir, limitando as hipóteses de permanecer até aos fins dos meus dias numa qualquer encruzilhada sem saída, num buraco íngreme ou num qualquer sofá com uma treta de quadrado chamado televisor à frente. Contudo, apesar de gostar de determinadas rotas, de vez em quando ou de quando em vez perco-me. E também gosto, se gosto... sem medo dos danos que possam ocorrer. Desligar quase todo o sistema electrónico, deixar activos os serviços mínimos da racionalidade e ser conduzida pelo piloto automático, sempre disponível para qualquer aventur. Entre isto, considero pobres os que pouco ou nunca amaram e os que nada se perderam, infiéis à vontade. De viver.
No meu GPS, para além de alguns erros de ligação, também já ocorreram avarias, falhas de transmissão, queimaduras de fusíveis…que possibilitaram quase sempre melhorar o velho, substituir velhas peças por umas ainda melhores, mais fortes e resistentes. A preocupação em mantê-lo, o GPS, no melhor estado possível é agora directamente proporcional aos anos que vou acumulando e assim sendo, é comum realizar em maior número e em menor espaço de tempo: revisões, reciclagens, updates, adaptações… acções em busca da afinação ideal, quase perfeita, provavelmente inatingível. Isto por que amo. E é o amor o que me mantém em funcionamento, o meu sistema solar, a minha galáctica, o meu Deus, o meu tudo. E se assim não fosse, acredito, não teria qualuer sentido, norte ou sul, estrelas ou horas, proas ou miras; sem caminho fico à deriva imóvel, estagnada com ervas a crescerem-me pelos ouvidos, pés, mãos, olhos… a fixarem-me à terra.
Amo amar, sem medos ou âncoras no passado. Amo. Sentir um calafrio na espinha, um tremer de pernas, um corar de faces, um céu azul, uma lua cheia, umas estrelas brilhantes no céu, variáveis e números, um concerto, um(a) amigo(a), um livro aberto, um cheiro a madeira, um passeio a pé, uma boa conversa, uma fotografia, vários raios de sol a baterem-me na cara, uma praia deserta, uma música antiga, um toque de mãos, um abraço forte, um olhar intenso, um filme a preto e branco, uma pintura a carvão, uma viagem, um jantar, um tomar banho na praia à noite, um bom vinho, uma cigarrilha, uma grafonola, um passo de dança e a intensidade de um carpe diem… Amo amar e por agora só isso me basta. Será pouco?


Actualização: sim, é verdade, admito, estou na minha fase sixties... e depois? Há dias assim...simplex, depois muito exposta ao choque tecnológico de um carro

domingo, abril 02, 2006

Verbo: sonhar

Sonho contigo. Depois de ontem, sonho ter-te hoje e amanhã. Na manhã, na tarde ou na noite. Sonho. Contigo. Depois de ontem. Estarás comigo hoje?

domingo, março 26, 2006

Verbo: Ler (1)

A bela acordada

Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia era bonita, as pessoas diziam-lhe:

- Eu amo-te.

E iam com ela para a cama e para a mesa.

Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:

- Não gosto de ti.

E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.

A Bela Acordada

A mulher pediu a Deus:

- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para

sempre.

Então Deus fê-la feia.

A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar

com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais

gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando

era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais

não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço,

estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a

mastigar.

Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que

pescou o peixe.

Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe,

descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a

mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o

peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe

foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe

morreu.

As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era

tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram

chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei

apaixonou-se pela mulher.

- Será uma sereia ? – perguntaram em coro as criadas ao

rei.

- Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito

tortas, uma mais curta do que a outra – respondeu o rei às

criadas.

E o rei convidou a mulher para jantar.

Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à

mulher quando as criadas se foram embora:

- Eu amo-te.

Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com

uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e

comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:

- Eu amo-te.

Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no

tapete de Arraiolos da casa de jantar.


Adília Lopes. OBRA – A Bela Acordada, pag 300. Edições Mariposa Azul. Lisboa 2001

segunda-feira, março 20, 2006

Diálogos reflexivos (14)

- Oi, estás boa?
- Estou bem. Sabes uma novidade?!
- Não. Diz aí: casaste?
- Nada disso. Estou grávida! De 4 meses.
- Boa! Estás em união de facto...
- Não. Isto é uma produção independente.
- Ah... Fizeste 'isto' por inseminação artificial...
- Não! Foi mesmo com um homem. Só que é independente. A produção.
- Ah... ókeis pá. Não percebo nada sobre isso. Felicidades para produção. (dahhhhh é a evolução... estás a ficar velha)
.

sábado, março 18, 2006

Ilustra a tua semana (2)


André Carrilho. Queen Victoria. 2005

Fatos para as amigas














Adoro a roupa de Sarah Pacin. O trapinho leve, simples, adequado a qualquer ocasião e com uns efeitos cénicos que me impressionam. Faz-nos bem independentemente dos quilos que a balança regista, entre os limites do esquelítico ao obeso. Aqui, mesmo aqui, está presente a nova colecção, outros etecetras tais e as lojas. As lojas!

Post-it: ainda não ao virar da esquina, mas num outro lado também temos Crea Concept. Também gosto. Muito.

segunda-feira, março 06, 2006

Fatos para as inimigas


Diane Kruger

Dolly Parton



Ziyi Zhang








Maggie Gyllenhaal


Ai que piroseira. Horrorosa. Pindérica. Alcoviteira. Saloia.

Estado activo

Ainda não vi nenhum dos filmes nomeados na categoria "best picture" mas pretendo fazê-lo segundo esta ordem:
- CAPOTE;
- GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK;
- MUNICH;
- BROKEBACK MOUNTAIN;
- CRASH.
Quanto aos senhores aqui em cima, eles raramente brincam em serviço, especialmente o brilhante Philip Seymour Hoffman. Para mim, estes serão os (meus) homens da noite; a concorrência não sendo forte, aborda também temas polémicos.

domingo, março 05, 2006

Estado de repouso

Informo que este blogue encontra-se em estado de repouso. Motivo: assistir a mais uma noite de entrega dos óscares, com bolinhos, chá e muito glamour no pijama.
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Há dias assim

Mark Ryden. The Butcher Bunny.

Encontro

No dia 3 de Março, num fim de tarde bastante chuvoso e com a minha sessão de cinema esgotada, haveria que pensar em algo para o meu início de fim-de-semana, num local quente, culturalmente diversificado e com pessoas disponíveis para conhecer qualquer gaja com blogue feminino ou blogue masculino, ou blogue, simplesmente. Assim, considerei ir até à livraria Almedina ouvir falar sobre blogues femininos, enquanto colocava a hipótese de cantar em cima do piano que ecoava sons muita bons pá.
Após atravessar um longo corredor, perpendicular a estantes com muitos livros reais, encontrei numa espécie de esconderijo várias tipas e muitos tipos (hummmm) a esgotar os lugares sentados e que de pé observavam-se na forma qual é o blogue desta tipa(o)?
Na tribuna encontravam-se
Francisco José Viegas, Sofia Vieira, André Carvalho, Rita Silvério – as moçoilas a representarem o meu género. Sexual, claro está. Quando a Sofia começou a falar gritei: dá-lhes, vamos a eles! - gito logo contido pelos olhares reprovadores ao grito de gaja a desejar-se senhora calada. Elas falaram, falaram muito e bem mas, como sou uma tipa sincera, fiquei muito desiludida. Esperava uma reunião no formato Tapware com uma abordagem dinâmica sobre a construção de um blogue feminino. Ou seja, sobre o tipo de roupa vestem as blogueiras quando clicam no Publishh Post…, como classificariam o vestuário das blogueiras que se disponibilizaram a comparecer no encontro, como é que o período eminentemente pré mestrual afecta a elaboração dos posts, de que forma a ocupação de blogueiras tem afectado o equilíbrio emocional dos respectivos maridos e filhos, quais as consequências registadas na limpeza do lar após a leitura do suplemento comentários, de que forma o uso de saltos altos ou batom no dia-a-dia influenciam a construção pró-activa (é linda esta palavra, nova invenção Pró-moderna) do blogue… Temáticas deixadas de lado pela Rita e pela Sofia que preferiram falar objectivamente da sua experiência, não em estilo ziguezague mas na forma directas ao assunto, assuntos: comentários, leitores, temáticas, outros blogues de mulheres e, de homens e curiosidades… do interesse das moçoilas e dos moçoilos, como Pedro Mexia, considerado como o must exemplar masculino que a blogosfera merece.
No momento em que abordaram a achatada questão de censura aos sofridos comentários apagados pela blogueira, que deveria ser tolerante, conselheira, ouvinte pacífica - grande momento feminino -, comecei à cata do famoso alter-ego da
Rita…Decoradas todas as características do potencial masculino e observado o radar dos olhares da esposa, consegui aproximar-me do exemplar. Analisei todas as suas curvas, especialmente o rabo e para provar um dos homens mais invejados, dei-lhe um valente apalpão. Mr. Pinheiro não disse nada. A Rita terá reparado- emitiu-me olhares não femininos mas felinos - e com a testerona a níveis elevados julgo, sem certeza, terá desejado primeiro dar-me um valente soco mas, mais adequado ao género, pensou que o melhor seria um valente puxão de cabelos. Bem, saí bem, disposta do encontro com o T.P.C. de arranjar uma foto de Javier Bardem nu, e a tempo; com a certeza de que estas divisões, em forma de pacotes, masculino/feminino levam-nos a portos pouco seguros. A abordagem sobre o que é de gaja e o que é de gajo julgo, pouco interessante. Pois, mesmo aqui em cima, à distância de um clique no next blog podemos observar exemplares a comprovar que não existem blogues femininos nem masculinos mas, pessoas em formato de blogue que podem ser de mulheres ou de homens, ou de heterossexuais ou de homossexuais ou de transsexuais ou do que lhes der na gana. Mas serão, obviamente, seres. Humanos. Que gostam muito. Muito de escrever. Nem que seja só com rasgos de imaginação.

sábado, março 04, 2006

Cat and Bat


Selina Kyle: Look! The cat is gone. There's nothing to be afraid of anymore. Now... It is your turn my darling, to take away my fear...

Bruce Wayne: I coudn´t...

Selina Kyle: I couldn´t...

Bruce Wayne: I had to...

Bruce Wayne: Selina! Oh god Selina, i almost lost you... But Crane... He's still out there... I should catch him...

Seline Kyle: Don't you always? It can wait.

Bruce Wayne: Yes... I suppose it can.

quarta-feira, março 01, 2006

Dedo no ar

À procura de uma saída para esta semana. Mas por instantes, com uma timidez disléxica, ponho o dedo no ar, respiro fundo e aqui vai : Do cats eat bats? And do bats eat cats? Tell me the truth...


"Down, down, down. There was nothing else to do, so Alice soon began talking again. `Dinah'll miss me very much to-night, I should think!' (Dinah was the cat .) `I hope they'll remember her saucer of milk at tea-time. Dinah my dear! I wish you were down here with me! There are no mice in the air, I'm afraid, but you might catch a bat, and that's very like a mouse, you know. But do cats eat bats, I wonder?' And here Alice began to get rather sleepy, and went on saying to herself, in a dreamy sort of way, `Do cats eat bats? Do cats eat bats?' and sometimes, `Do bats eat cats?' for, you see, as she couldn't answer either question, it didn't much matter which way she put it. She felt that she was dozing off, and had just begun to dream that she was walking hand in hand with Dinah, and saying to her very earnestly, `Now, Dinah, tell me the truth: did you ever eat a bat?' when suddenly, thump! thump! down she came upon a heap of sticks and dry leaves, and the fall was over. "

Lewis Carroll. Chapter 1 - Down the Rabbit-Hole in Alice's Adventures in Wonderland. [Em qualquer livraria perto de si].

Já disse

Já passou algum tempo desde o dia em que decidi criar um blogue, sem pretensões de coisa alguma, sem objectivos para obter o que quer que seja. Bastava-me experimentar este tipo de espaço onde inscrevia para um texto várias palavras nem sempre concordantes com a minha vida, por vezes nem a léguas...mas num reflexo sobre o que penso, gosto, abomino, ou sobre nada. O interesse também esteve na oportunidade de receber uma reacção a diferentes tipos de textos. Os comentários apareceram, quase sempre de forma simpática e foram eles que travaram em momentos o movimento de pressão sobre a tecla DEL.
De regresso aos reflexos passados a ferro, lamento o desaparecimento de tais comentários, quase sempre de pessoas que desconhecia e desconheço, a transmitirem boa disposição. É uma pena… Ficaram na memória humana.
Por aqui nunca fiz malabarismos, nem truques de magia para aumentar visitantes. E a publicidade junto de amigos, familiares e conhecidos foi e mantém-se quase inexistente. Isto por que sempre quis que este espaço, talvez menos do que outros, fosse uma espécie de refúgio, onde colocaria o que me desse na real gana, sem relógios ou tempos apertados. Poucos são os amigos que o conhecem e alguns sabem perfeitamente o difícil que foi confessar, não propriamente num grupo de terapia: “eu também tenho um blogue”. Ok e depois?
Por enquanto continuo, não sei até quando, até quando considerar que este espaço é útil à minha comunicação ou à comunicação de um ego (filho da puta que por vezes pega-me algumas partidas). Com alguém, que pode mesmo ser e só imaginário. Pois de imaginação também deve viver a Mulher, nem que seja entre panelas e tachos, não é o meu caso, ou entre o solário e a Wellness Center, que também não reflecte a minha pessoa. Mesmo assim, imaginem. Por exemplo, eu costumo imaginar que este amigo está aqui tão perto. E não é que ele está mesmo?

terça-feira, fevereiro 28, 2006

O asterisco é um moçoilo bonito, bem arranjado e muito bem disposto. Faz-se um pedido e a grande estrela que é o asterisco realiza-o, como uma espécie de mago com a sua mais que tudo lamparina. Neste fim-de-semana o asterisco emitiu entre fumos os sons do grande TOM WAITS e assim sendo, daqui envio os devidos agradecimentos com longas palmas - plack, plack, plack... Gostei e muito. Se fosse uma maga conceituada, com o livro de bruxaria bem estudado, enviaria sem demoras e burocracias adicionais uma contorcionista russa.

sábado, fevereiro 25, 2006

Sorry...

...quando for grande quero ser como a MADONNA; com maiô incluído. Há coisas que não se explicam.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Estamos quites

A música invade o meu corpo, ataca-o de forma fulminante e sem sistema de suspensão ou de controlos automáticos que conduzem muitas das nossas vidas, começo a mexer os pezinhos, para lá, acolá e volta para aqui e mais um passo, que acompanho no balancé das ancas, ziguezague das costas que se encostam a um ritmo e não o largam nem por segundos. Não existe antibiótico, derivados de ansiolíticos ou qualquer coisa que valha para disfarçar o meu desejo, de dançar e de ser sugada para uma espécie de buraco, não negro, mas iluminado por diferentes notas em diferentes tons. Em diferentes tons pois, gosto de muitos tons dos diferentes estilos de música, não todos mas, muitos, ouvidos por poucos. Fujo dos muitos, gosto dos poucos mas bons. Bons. Mahler, Puccini, Chet Baker, Coltrane, Vinicius e mais e mais outros que guardo em vários cestos cheios de caixas que prendem notas, de música. E de música é feito o meu Carnaval , com uns bons copos de vinho e de Whisky numa mesa do Bairro Alto; autista aos disfarces, às máscaras e aos ovos e à farinha e ao mau-cheiro das bombas. Que se fodam as bombas! E os estalinhos que muitas vezes risquei junto às paredes de um bairro de Lisboa. Para festejar o Carnaval deixemo-nos embalar pelos especialistas que são Made in Brasil e gozemos com todos os movimentos possíveis o som do samba. Por agora faltam-me palavras para dizer mais do que isto. Talvez por que o Carnaval nunca foi muito com a minha cara e com a dele. Estamos quites.

domingo, fevereiro 19, 2006

Cinema Paraíso

O tempo é quase sempre tramado, quando constatamos o pouco tempo que nos resta. Independentemente do tempo que seja, façamos pelo menos nosso, o tempo.
Hoje fui ver um filme de outros tempos, dos loucos anos 20, de 1927, e fiquei mais uma vez deliciada pois, embora velhinho, em que das salas de cinema soavam, não grunhidos, mas violinos, trompetes, pianos, e palavras em tamanho máxi num écran, este filme coloca muitos dos actuais na lama, no sub-solo, nos limites da crosta terreste. Sunrise, realizado por F.W. Murnau, Aurora em Portugal, é um filme que possui doses suficientes de drama e romantismo, humedecidas em valores vintage, no estado dictómico de bem/mal; família/caso ilícito; campo/cidade; vida/morte... e que em poucos 106 minutos deixaram-me a salivar e a desejar ver mais e mais uma vez os inúmeros pormenores representativos de uma época: guarda-roupa, sentido estético, planos, efeitos... ; convertidos mais tarde em reflexos. Neste tempo que também é louco.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Diálogos reflexivos (13)

- Tem o Diário de Notícias?
- Não. Já não tenho. Mas tenho o Público, o Independente, o 24 Horas...
- Tem o jornal Diário de Notícias?

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Para namorar. Numa bossa. Nova. Junto ao amor. Quente. Num dia de Inverno. Fica aqui. Aqui mesmo, à disposição de qualquer um, ou dois, Bossanova.fm - uma delícia!
Bem, está quase xuxubeleza... Andei a manhã toda por aqui no tira e põe, no mete e deita fora. Agora só falta limpar algum lixo, organizar mais uns arquivos, limpar o pó e encerar o chão e... (com bicos de papagaio e de cotovia e de galinha)... TCHAN!

domingo, fevereiro 12, 2006

Põe aqui, tira dali, acrescenta acolá e estica aqui mesmo, próximo daquilo ali. E eis o resultado... Já é tarde. Talvez amanhã resolva o problema. Talvez.

Intimidades

" Fora Mónica que conquistara Pedro, que o levara para a cama; que o desejara logo, mal o descobrira junto da janela, a olhar o crepúsculo de uma primavera tardia e ventosa, em casa de uns amigos comuns perto da Fonte Luminosa.
Fascinara-a a cor escura da sua pele, o olhar enlanguescido, fugidio, a extrema magreza do corpo alto, a ternura acentuada das mãos longas, o cabelo sedoso, caído sobre a testa.
Primeiro desejou impaciente tocar-lhe o peito, depois imaginou-lhe as nádegas ásperas, os ossos salientes das ancas, o sexo grande. E o seu corpo enrijeceu: os bicos dos seios, a língua, o clítoris, um sumo grosso a formar-se já no interior da vagina. E uma curtíssima vertigem fê-la vacilar em tudo nada, acabando por se encostar ao vão da janela onde os dois permaneceram imóveis, sentindo apenas a aproximação um do outro.
Os fluidos um do outro.
(...)
Mahler. Mónica tentava isolar-se, quando ouvia Mahler: o rosto escondido pelos punhos cerrados, a testa apoiada nas palmas das mãos. Quase gemia, mas ainda calava a suspeita daquilo que no seu coração se acoitava. Mahler. (...)"


Maria Teresa Horta. Mónica, in Intimidades. Publicações Dom Quixote.

sábado, fevereiro 11, 2006

Reflexo musical

Adieu minette

Sous tes cheveux beaucoup trop blonds
Décolorés ça va de soi
T'avais une cervelle de pigeon
Mais j'aimais ça mais j'aimais ça

Au fond de tes grands yeux si bleus
Trop maquillés ça va de soi
T'avais que'que chose de prétentieux
Que j'aimais pas que j'aimais pas

J'avais la tignasse en bataille
Et les yeux délavés
Je t'ai culbutée dans la paille
T'as pris ton pieds

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Tu m'as invité à Deauville
Dans ta résidence secondaire
Je m'suis fait chier comme un débile
Dans cette galère dans cette galère

Tu m'as présenté tes copains
Presqu'aussi cons qu'des militaires
C'était des vrais Républicains
Buveurs de bière buveurs de bière

Le grand type qui s'croyait malin
En m'traitant d'anarchiste
Je r'grette pas d'y avoir mis un pain
Avant qu'on s'quitte

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Mais quand t'es rentrée à Paname
Super fière de ton bronzage
T'as pas voulu poser tes rames sur le rivage
C'est une image

Tu m'as téléphoné cent fois
Pour que j'passe te voir à Neuilly
Dans ton pavillon près du bois
Et j'ai dit oui et j'ai dit oui

J'suis v'nu un soir à ta surboum
Avec 23 d'mes potes
On a piétiné tes loukoums
Avec nos bottes

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Faut pas en vouloir aux mariolles
Y z'ont pas eu d'éducation
A la Cour Neuve y a pas d'école
Y a qu'des prisons et du béton

D'ailleurs y z'ont pas tout cassé
Y z'ont chourravé qu'l'argentrie
Ton pote qu'y f'sait du karaté
Qu'est-ce qu'on l'ya mis qu'est-ce qu'on l'ya mis

Ton père j'l'ai traité d'enfoiré
Excuse auprès de lui
Si j'avais su que c'était vrai
J'y aurai pas dit

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents

Maintenant j'ai plus envie d'causer
Tu dois déjà avoir compris
Qu'on est pas né du même côté
D'la bourgeoisie d'la bougeoisie

Arrête une minute de chialer
Tu vois quand même que j't'oublie pas
Je t'téléphone en PCV
De Nouméa de Nouméa

Ça fait 3 s'maines que j'suis bidasse
L'armée c'est une grande famille
La tienne était moins dégueulasse
Follement la quille

Adieu fillette
Nous n'étions pas du même camps
Adieu minette
Bonjour à tes parents.

Renaud

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Cartoons convertidos em caprichos

Agora com o tempo em acção é tempo de dizer que quando apareceu a notícia sobre um conjunto de cartoons publicados há uns meses no reino da Dinamarca e na reposição há uma semana, achei tudo uma grande paneleiragem e, com a devida precisão dos factos, fiz uma espécie de zapping … e continuei a minha vida rodeada de livros e histórias bem mais interessantes. Contudo, esqueci-me, sim sou eu, que apesar do meu mundo dito ocidental ter esfolado as estupinhas para obter um bem mais valioso do que o último prémio do euromilões - a liberdade de expressão -, esta maravilha num mundo disfarçadamente global ainda não chegou a uma parte de pessoas que desconhece os meu prazer em vestir uma saia, calçar botas pretas brilhantes de cano alto, de abrir o peito e deixar o vermelho luzir nos meus lábios. Em contrapartida, oprimem o indivíduo, em particular a mulher, em ostracismos permanentes à diferença e à afirmação plena do ser humano.
As reacções violentas promovidas por um cada vez mais perigoso fundamentalismo islâmico radical, filhos da puta, que entre muitas outras coisas desejam ver TODAS as mulheres de burka, com soiotes até ao pescoço e disponíveis a serem pontapeadas, por causa de uns cartoons da merda, ofenderam-me, revolveram-me o estômago e provocaram-me o vómito, com sofrimento. Mas ser obrigada a ficar de cócaras, frente a um conjunto de cães com raiva, comandados por uma campainha, e proferir desculpem-me por aqui sermos livres e fazermos estas coisas div…horríveis – envergonha-me e ofendem-me ainda mais enquanto cidadã europeia livre e perante toda a história de conquista de liberdades.
Depois de Kant, Rousseau, Locke e Tocqueville, entre muitos outros, deixarem-nos a mensagem tentem ser felizes e de Nietzsche ditar morte a Deus, não posso consentir que uns gajos que só reconheço em actos terroristas, violações várias às mulheres, decapitações a pessoas inocentes… digam-me como um menino mau com birra, destruindo embaixadas e incendiando bandeiras que, afinal, não posso meter conversa com Maomé.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Volto já

Imagem do Site do Aran

sábado, janeiro 28, 2006

Diálogos reflexivos (12)

- Vais ficar quantos dias na maternidade?
- Três.
- Aproveita para ler. Tens livros?
- Não. Tenho a minha filha.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Fim-de-semana


Tenho vários planos para este fim-de-semana. E quero concretizá-los. Existem objectivos, intenções, vontades, predisposições, aspirações, expectativas. Sentimentos, desejos. Num fim-de-semana.

Cinzentismo

Tem estado um frio do caraças que até os meus dedinhos dos pés se ressentem com tamanha frente fria junto às botas, ao nariz, às orelhas, ao pescoço, às pontas dos dedos ao…e à….Bem sei que não é nada se pensarmos nas temperaturas mínimas e máximas registadas na Rússia, mas o frio que tem dominado o meu corpo coloca em acção os meus limites de sobrevivência que costumam ser muito vastos. Pois se existem pessoas que até gostam do frio, do gelo até à espinha, da neve espalhada pelo corpo, o mesmo não sucede comigo, que sou moçoila que só gosta de neve a uma distância de 100 metros, no mínimo e anseia calorosamente pelos dias de Primavera com o sol maravilhoso a iluminar qualquer alma mais deprimida, os passarinhos a fazer piu-piu e o pessoal com os estrogéneos ou os androgénios aos saltinhos. É por essa altura começo a achar que os meus dias até são felizes e a treta desta vida afinal não é assim tão filha da puta. Por agora, lamento-me por transportar, para além da minha massa corporal, cerca de três quilos de camisa interior, camisola, camisola, casaco, meias, luvas, cascol, gorro e afins e de sentir tudo à minha volta com aspecto cinzento. A minha vida está cinzenta, os meus dias são cinzentos, o meu carro é cinzento, os sapatos que vejo nas montras são cinzentos, as pessoas parecem-me todas cinzentas e...embora pareça sofrer de um a espécie de cinzentismo agudo, observo à minha volta e constato qu para outros a coisa está preta. Por agora lixa-me o tempo. O tempo. Ai o tempo. Cabrão.

domingo, janeiro 22, 2006

El salvador

A cerca de 15 minutos de conhecermos as primeiras projecções, acho que já ninguém duvida da vitória do Cavaco Silva, que o povo português idiotamente idolatra e que José Gil considera um caso quase religioso numa reportagem do El País, intitulada Portugal busca salvador. Mas, como é óbvio há pouca salvação enquanto continuarmos a considerar que um gajo, ainda por cima com créditos duvidosos e desastrosos, poderá alguma vez mudar o estado de coisas. Das pessoas. De um país onde miles de coches de lujo, los centros comerciales con calles y avenidas llenos de artículos a precios dignos de Nueva York y las colas para adquirir la TV por cable (que es más cara que en España) conviven con los mendigos que pueblan la avenida de la Libertad y la plaza de la Alegría. E para além de quase todos os dias convivermos com as percentagens que demonstram o péssimo desempenho no passado e no presente, sofremos, imaginem, para quem ainda tem dúvidas, de delirios de grandeza. Uma reportagem a ler para não bater com a cabeça nas paredes.
Ainda não sei em quem votar, mas será qualquer coisa menos Soares ou Cavaco. Talvez o meu coração comece a bater menos e até lá decida. Entre voltas fica aqui um tema de Emiliana Torrini, do último álbum; por que me apetece mostrar o que esteve cá por casa em período de reflexão, eu que tenho medo de monstros.

sábado, janeiro 21, 2006

A Lua

A Lua tem várias fases e não é um satélite estável. Aristóteles (384 - 322 a.C.) registou que as fases da Lua resultam do facto da Lua não ser um corpo luminoso mas, um corpo iluminado pela luz do Sol. A face iluminada da Lua é aquela em que está voltada para o Sol.
Passados tantos anos da primeira aterragem sobre a sua superfície, em 20 deJulho de1969, a Lua continua ser o único único corpo extraterrestre a receber uma visita humana e, apesar de algumas pessoas ainda duvidarem do feito, é o único corpo em que as amostras do seu solo foram trazidas para a Terra. Para lá de tudo, a Lua continua a fascinar e adoramos olhar para ela. Quem é que não gostaria de ir à Lua? Eu adoraria, talvez iluminada pelo Sol. Numa boa fase.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Absurdos

Os dias por vezes são absurdos. Não têm pés nem cabeça. Nem troncos, nem membros. Nem pontas, nem laços, ou algo que valha a pena. São aberrações inexplicáveis, entre tudo o que é explicável e o nada que até pode existir. E ficamos num final destes dias a olhar para os céus, e para as estrelas, a tentar perceber se existirá algo lá em cima, real, verosímil e capaz de nos fazer acreditar que esse dia, aquele dia absurdo que tivemos, não foi afinal obra nossa - outro absurdo.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Já não fumo há uma semana

Estou sem fumar há uma semana! Sim, é verdade sou agora uma pessoa normal, o meu hálito é de rosas, a minha pele parece a de uma criança de 5 anos e os meus dentes ficaram maravilhosamente brancos. Sim, consegui. Todos os dias quando me levanto, abro agora vigorosamente a minha janela e entre uma lufada de vento e uns mosquitos que entram dentro do meu quarto, consigo respirar o mau-cheiro dos quintais vizinhos e clamar aos céus pela dádiva de conseguir afastar-me de todas as afirmações presentes nos vários e muitos maços que já amarrotei, transportei, deixei perdidos…- não morrerei prematuramente, as minhas artérias não ficarão bloqueadas – entre tretas. Aqueles seres sem vida, de forma cilíndrica, não voltarão a tocar as minhas mãos, a molharem-se na minha boca e a deixarem envolver-se pela minha língua. Acabou-se! Enquanto a minha mãe direcciona-se à igreja mais próxima para agradecer, depois de mil e tal pedidos, a ausência do hábito tabagista na minha vida… E eu grito-lhe ao telefone que voltarei a fumar se assim me apetecer pois não acredito que o cabrão do vício seja mais forte do que eu, não é, não será. Deixo de fumar por agora, por agora deixei de ter prazer em fumar.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Bom ano

Estou ainda comprimida depois de ter passado as últimas horas com gripe a temperaturas elevadas.

Há menos de uma semana estava esticada no sofá a tentar olhar para um televisor com inúmeras imagens, quase as mesmas da passagem do ano anterior, sob o efeito do Gorosan, em fase ascendente à normalidade. Mas, normal não seria o retorno forçado ao trabalho, só com um dia de recuparacion pois os tipos da segurança social andam aí, eles andam aí… Ainda pensei recrutar via SMS alguns camaradas para uma suposta manif. em prol dos direitos humanos da mulher e homem ocidentais pois, se se fazem neste país pontes para tudo, deveríamos ter direito a uma espécie de ponte mas ao contrário, isto é, em vez da ponte entre os dias da semana de trabalho e o fim-de-semana de diversão, alegria, paz e sossego, a ponte seria nestes casos especiais entre um fim-de-semana de trabalho e alegria, bebida, passas e foguetes e … e… o que cada homem e mulher quiserem e, uma semana de trabalho que obviamente iniciar-se-ia no mínimo TERÇA-FEIRA. Contudo, os meus camaradas disseram-se que já possuiam atestados passados há uma semana, e umas tias mortas e, assim sendo, nada de mostras públicas.

Logo, na segunda-feira, fui forçada a transportar pelas ruas de Lisboa o meu corpo moribundo, a usar métodos impróprios para manter as pálpebras abertas e a executar várias estaladas em mim própria; para sem direitos o dever cumprir. O ar executivo, a postura habitual em estado super vertical, o estatuto e obviamente o hálito, ai o hálito, que demoraram provavelmente em alguns casos décadas a conquistar, correram sérios riscos de entrar em queda livre numa situação de crash, a inflaccionar (negativamente) um ano de trabalho. Foi um verdadeiro desastre. Felizmente as festas e anexos foram encerradas na sexta-feira.

Desejo, febrilmente atrasada, um bom ano 2006 a todos os que por aqui passam!