Vou calmamente pela rua quando, do outro lado da rua, ouço um chamamento feminino com o meu nome na boca. Inicialmente não dou muita importância mas, com os contínuo enchimento de ar com
Sandra, acabo por olhar para o emissor com uma suposta mensagem. E vejo a Manuela, uma amiga de infância, daquelas que compartilhavam connosco não só brincadeiras como a carteira da escola e que perdi a meio da adolescência. Acabamos entre olhares cruzados num passado e num presente num café a trocar percursos até àquele momento.
A Manuela começa: "Epá estás na mesma. A tua cara pouco alterou." Respondo que ando com uns quilinhos a mais a precisar de eliminar...mas, lá eleva o meu ego tremido e "nada disso
, estás óptima. Eu engordei muito durante a gravidez. Já tens filhos, não?"
Respondo-lhe que não e que nem sei se alguma vez estarei preparada para...
Manuela, invariavelmente como sei quem mais, faz A Pergunta: "MAS JÁ casaste?" "Não, nem penso muito em ...", respondo em forma de n+1 elevado ao quadrado; que até cansa.
Então, Manuela , atira com A Frase:
"Olha, pá, tu é que estás bem!"
E continua:"Sabes, casei há 10 anos com o João e já estou farta. Aliás, acho que nunca fui feliz..." [O meu olhar neste momento está do tipo Mais Uma.] "Casei com o João porque ele na altura fez-me esquecer o Francisco, o Francisco...", suspira, "com quem eu gostava de estar casada era com o Francisco, não estou e isso corta-me o coração [pois...] e o João não me satisfaz plenamente. É um bom marido e pai mas, não me preenche."
Neste momento, claro, alguns de vocês, tal como eu Que Estou Bem, a pergunta que vos passa pela alma, posta entretanto a esfriar:
"Oh Manuela, porque é que não te separas?."
Manuela faz uma cara de incomodada. Não gostou da pergunta, está visto. Mas acaba por responder: "Não posso Sandra. O João, apesar de já não o amar, é meu amigo e bom pai. Os miúdos também são pequenos e os meus pais nunca me perdoariam, sabes?" [Não, eu sei muito pouco....] "Eles gostam muito dele." "Pois, pois Manuela..."
Olha que merda! Cada moçoila deve amar o seu moçoilo e de inversa forma mas, viver por causa de... ou pelo que os outros dizem, acham ou sei lá mais o quê... NÃO É VIDA. Não é VIVER a VOSSA vida.
Se estou bem ou mal, pouco me interessa! Mas, pelo menos, saboreio a MINHA vida. E sabe bem.