segunda-feira, julho 25, 2005

Amigo reflexivo

Existem pessoas que dificilmente dispenso, esqueço, mando à fava ou simplesmente apago do meu ficheiro da amizade. São pessoas por quem tenho uma enorme estima pela forma como transportam e analisam esta treta de mundo em que vivemos; pessoas que têm obviamente direito a tratamento VIP em qualquer lugar deste país pois são afinal a porra dos meus amigos e como meus merecem o melhor, nem que seja pela porra de paciência que têm para me aturar.
Se partem mesas, se escarram deleitadamente para o chão ou se mijam na boa tradição portuguesa junto a qualquer cantinho, pouco me interessa, estou-me nas tintas pois o sentimento que nutro por eles situa-se quase no limite da admiração, quase.
Este amigo
aqui é especial. Ai pois é! Com ele retirei a minha virgindade em muitas situações possíveis; é verdade e não me desmintas… Graças ao adorável Erasmus viajámos até à Bélgica, com arredores incluídos e com ele descobri a arte nova de Bruxelas e a nova erva holandesa, amavelmente transportada pelos mafiosos italianos. Ainda junto a ele descobri um dos principais elementos da contituição portuguesa, o vinho; entre o sabor das letras e das telas pelas quais nos enamorávamos. Por isto e mais qualquer coisa não largo este amigo. E é bom saber que ele está aqui tão perto.

sexta-feira, julho 22, 2005

Faça o favor de fechar

Ontem à noite estava por aqui, com os dedos a imprimir num ritmo quase supersónico sobre as teclas para o aparecimento de palavras, nas frases. O trabalho é uma coisa lixada especialmente quando temos prazos para cumprir e o prazo termina a poucas horas. Mas a verdade é que quase sempre adorei escrever sobre stress, desafiar limites, ser uma espécie de malabarista que numa das mãos segura um chapéu e com a outra procura equilibrar-se o mais possível para não cair ao chão; cair ao chão não. E assim, estava ontem – a escrever o mais rápido que conseguia, e bem. Mas… Mas ontem ouvi a notícia da demissão do ministro das finanças, Campos e Cunha, e ia quase quase caindo… Parei. Deixei as teclas e debrucei-me sobre a janela com um cigarro na mão, mil ideias no ar, na retoma da vontade de voar, voar mesmo, de avião, com malas feitas, tudo preparado e xau xau Portugal até qualquer dia.
Diria que Portugal está fodido mas se assim fosse estaria o país feliz e contente. Portugal, na melhor das hipóteses, fodeu-se, com alguns orgasmos levados ao extremo da sua existência. Foi um bom vivant em continuadas saídas nocturnas, apesar do orçamento limitado, por associações do bairro, casas de putas e jogatanas abaixo da cave. Só as recordações de um passado inconsciente o tornam feliz na miséria, num quartinho hipotecado, a aguardar ordem de despejo.
Mas a malta não explica e como boa portuguesa a esperança será sempre a última morrer mesmo que não tenhamos esperança que valha, depois de um palhaço de D. Sebastião recusar-se a aparecer. Os Exmos. Senhores Professores Doutores Medina Carreira e Saldanha Sanches são por agora os nossos mais ilustres mestres, amigos do povão, saravá aleluia, e lá vão deixando cair para quem quer ouvir que o Verão português não é só fogos ou avisos de perigo para com o escaldão… Não. E pois. Claros que é bons ser portuga. Claro que adoros estes paíze maravilhoso. O sol… ai o sol. E… e claros está que as culpa sobre quem teria razão - D. Afonso Henriques ou a infanta D. Teresa? - será a grande portuguese question.
Sobre culpas.Do you really want my opinion? – fase de iniciação à língua inglesa, sabe-se lá, pá . Poizé a culpa é … dos políticos? Não! Dos … dos… espanhóis, cabrões? Não! Dos… caralhos impotentes dos empresários?... Não! Do… cabrão pavimento das estradas? e das?… e … NÃO!
Num país em que os responsáveis pela irresponsabilidade não são responsabilizados, somos afinal todos os irresponsáveis e responsabilizados pela situação.

Por agora, obrigada pela atenção dispensada. Perdão. Com licença. Esteja à vontadinha Faça favor de fechar a janela. Sempre às ordens.

quarta-feira, julho 13, 2005

CDCrossing







Este CD chegou ontem à minha casa. Já estou aqui. Entre sons, cores, rabiscos...deliciosos. Com Gorillaz, uma banda com os pés dentro da BD.

Feel Good Inc.

[Damon Albarn]

City's breaking down on a camel’s back.
They just have to go 'cos they dont hold back
So all you fill the streets it’s appealing to see
You wont get out the county, 'cos you're bad and free
You've got a new horizon It's ephemeral style.
A melancholy town where we never smile.
And all I wanna hear is the message beep.
My dreams, they've got to kiss, because I dont get sleep, no...


Windmill, Windmill for the land.
Learn forever hand in hand
Take it all in on your stride
It is sticking, falling down
Love forever love is free
Let’s turn forever you and me
Windmill, windmill for the land
Is everybody in?

[De La Soul]
Laughing gas these hazmats, fast cats,
Lining them up-a like ass cracks,
Ladies, homies, at the track
its my chocolate attack.
Shit, I'm stepping in the heart of this here
Care bear bumping in the heart of this here
watch me as I gravitate
hahahahahahaa.
Yo, we gonna go ghost town,
this motown,
with yo sound
you're in the place
you gonna bite the dust
Cant fight with us
With yo sound
you kill the INC.
so dont stop, get it, get it
until you're cheddar header.
Yo, watch the way I navigate

[Damon Albarn]
Windmill, Windmill for the land.
Learn forever hand in hand
Take it all in on your stride
It is sticking, falling down
Love forever love is free
Let’s turn forever you and me
Windmill, windmill for the land
Is everybody in?

[De La Soul]
Dont stop, get it, get it
we are your captains in it
steady,
watch me navigate,
ahahahahahhaa.
Dont stop, get it, get it
we are your captains in it
steady, watch me navigate

hahahahahhaa



Gorillaz

sexta-feira, julho 08, 2005

Without opinion moment

Será que os espartanos foram bons ou maus?
Será que os judeus foram bons ou maus?
Será que o cristianismo é bom ou mau?
Será que existiram cruzadas boas ou más?
Será que a aniquilação humana é boa ou má?
Será que a censura é boa ou má?
Será que existem guerrilhas boas ou más?
Será que o terrorismo é bom ou mau?
Será que existe guerra boa ou má?
Será que existem bombas boas ou más?
Será que existem tanques de guerra bons ou maus?
Será que existem guerreiros bons ou maus?
Será que existem sistemas políticos bons e maus?
Será que existem economias boas e más?
Será que existe paz boa ou má?
Será que existem humanos bons ou maus?
Será que o mundo é bom ou mau?

[incompleto]

Donnie Darko

[Private mEssage: Antes de passares pelo Quarteto para veres a feitura da obra. Vê a obra. Prima. Se fazes o favôre. Obrigadas. Tá?]


Segue dentro de momentos...

... os momentos que se seguem...

... CHIU!!!!...

... desliguem os telemóveis por favor, obrigada...

... (banda sonora)...

... [larailarailailai]


...

... É agora! É agora!...

Donnie Darko em conversa com a psiquiatra.

Donnie Darko: I made a new friend.
Dr. Thurman: Real or imaginary?
Donnie Darko: Imaginary.
Dr. Thurman: Would you like to talk about this friend?
Donnie Darko: Frank.
Dr. Thurman: Frank. What did Frank say?
Donnie Darko: He said to follow him.
Dr. Thurman: Follow him? Where?
Donnie Darko: Into the future.
Dr. Thurman: And then what happens?
Donnie Darko: And then he said …. Then he said that the world was coming to an end.
Dr. Thurman: Do you think the world is coming to an end?
Donnie Darko: No. That’s stupid.

... E depois? Nada de especial...
... Ókeis pá. Vê o resto...
...

Realidades particularizadas

Existem coisas na vida de que não prescindo – os amigos. Gosto deles de todas as cores e feitios, com tudo incluído: qualidades e a porra dos defeitos. Neste conjunto não estão as pessoas insípidas, para quem os sentimentos de inveja e mesquinhez são sentimentos maiores, metidos em vidinhas de merda estagnada. Estão pessoas de quem gosto muito pela visão de mundo que transportam, com convicções, neuras, sede de conflito (de ideias), paranóias, inconformados, stressados, críticos … e por aí fora. Bem, a verdade é que toda a malta que me acompanha e vice-versa não é malta fácil, é malta da pesada num misto entre pesadas angústias deste mundo e o síndroma de Peter Pan. Não sei se me entendem mas talvez um dia seja capaz de explicar.
A dedicação por estes gajos e gajas é tamanha que a todos os amôris da minha vida fiz questão de informar que juntamente comigo ia ou vai todo o meu staff (família, amigos, conhecidos, inimigos), sem imposições e devidamente doseado com tempero pois o amor também é MUITO lindo. Jamais coloquei a hipótese de abdicar de qualquer um só pelo simples facto do mê amôri nã gastar. Pois o amôri também é lindo e a amizade também o é.
Posso admirar, idolatrar, pretender beijar os pés de alguns autores mas nenhum deles se equipara a um amigo meu. Milan Kundera não ouve as minhas angústias durante a noite, Max Weber não discute comigo sobre o que a modernidade deixou e Harold Pinter também não me acompanha ao teatro… São uma das paredes mestras que sustentam a minha vida.
Hoje assisti às consequências de mais um momento absurdo que fará parte da história da humanidade. Irritei-me, saltei da cadeira, quase gritei e mandei tudo foder. Desliguei o televisor e limitei-me a ouvir alguma rádio. Condeno quase tudo. Condeno mesmo a especulação televisiva com que repetidamente são tratadas tamanhas estupidezes humanas. Ficamos com os sentimentos (de horror, de sofrimento, de medo, de pesar…) os rostos, as palavras, a destruição, o caos momentâneo deste mundo ocidental, as conferências de imprensa, os números, os vivos, as entradas, as horas, as saídas, os meios de transporte, a segurança, e mais uns elementares assuntos para a malta continuar informada. Tudo para continuarmos pois temos de continuar, sem essencial. Nesta loucura é para os meus amigos que decidiram aventurar-se por terras de sua majestade o meu primeiro pensamento. E o absurdo ganha outro sentido, mais sentido no sem sentido. A Sofia e o Rui que moram em Londres há um ano não atendem o telefone. Ligo-lhes mais uma vez e ouço finalmente a voz da Sofia:
Olá Sandra! Está tudo bem!!!! Estamos todos chocados, nervosos mas a vida continua. Com medos.
- Pois continua Sofia, tem de continuar. Com outros medos.

quarta-feira, julho 06, 2005

Ocorrência

Estive ontem a escrever um texto sobre as amizades e coiso e tal e preparadinha para o postar...
DESAPARECEU!!!!!!???????? Mas que MERDA é esta!!!! Hã? Ai o camandro! Claro que estou furiosa, claro que estou... Uma gaja nunca está preparada para o imprevisto, ah poizé! Filhadaputadevidinha.

segunda-feira, julho 04, 2005

Secção "Sê um aprendiz"

Serge Gainsbourg foi um génio. Entre Gitanes, música, letras, actrizes, cinema, fotografia, álcool...Para os perdidos, eis o achado aqui.

sábado, julho 02, 2005

Diálogos Reflexivos (10)

- Onde estás amor o meu nome é António.
- O teu amor não está aqui o meu nome é Sandra.

sexta-feira, julho 01, 2005

Reflexosss testa-se



Adorei por momentos ser uma loucona "aspirada" ! Venham mais.

Reflexosss consulta

É agora! Quem é que nunca utilizou cremes anti-celulite, fez ou já pensou fazer programas de emagrecimento, ginástica localizada,lipoaspiração, mamaplastias...? Hã? Sem medos, teste-se.


Portugal piquinino

Tenho a casa num caos catastrófico ou seja, num caos para lá do caos… sem sentido. Papéis e mais papéis decoram o chão das poucas divisões da minha casa, a pirâmide de Quéops está representada num amontoado de roupa e a cama feita está como quase sempre acontece, para lá do quase provérbio nunca saias de casa com a cama por fazer, desfeita. Se fosse uma moçoila prendada, devidamente amestrada e com sentido no altar ficaria por casa a purificar o meu ser feminino numa panóplia de tarefas domésticas. Mas não. Sou uma tipa sem tino, sem consciência do género a que pertenço e sem paciência que valha a limpeza do cantinho, o esfregar azulejos até luzirem, o passar ferro até às dores e coiso e tal. Vou em direcção à esplanada do bairro da Graça, onde faço toda a terapia possível com uma caipirinha entre mãos e em dois dedos de conversa com amigos homossexuais a relatar peripécias da ruralidade portuguesa com a sua condição. Pois o nosso Portugal piquinino ainda não se dividiu em Portugal piquinino rural e o Portugal piquinino urbano. Continuamos a ser um quase todo de moralistas comandados por uma educação portuguesa tradicional com direito, caso fosse possível, a selo de garantia para exposição mundial. Pois bem, estes meus amigos têm um leque variado de histórias que mostram o porquê de ainda não ser possível em Portugal discutir sobre casamentos entre homossexuais, adopção de crianças por homossexuais e adiante.
Fechemos por agora os olhos e coloquemo-nos num bairro antigo de Lisboa. Por lá vivia há tempos um moçoilo com direito a conversas sobre o seu físico e a tremores de ansiedade entre o mulherio. Conheciam-se namoros, poucos. Mas… o moçoilo accionava os máximos a outros moçoilos e pouco lhe interessava o meio feminino. Farto do esconde-esconde, decidiu um dia abrir o peito ao mundo e assumir-se como gay. Jesus! Credo! - dizem os activistas da verdadeira educação portuguesa. A família eliminou-o da sua árvore genealógica e descarregou para consideração pública caixotes vários com quase tudo o que lhe pertencia. Alguns vizinhos em defesa da puta “dignidade do bairro” debitaram palavras a ritmos bipolares: Ca-brão, pa-ne-lei-ro, vaitesembora, saisdaqui. O aparato foi tal que exigiu intervenção policial… O moçoilo saiu felizmente ileso e encontrou ajuda numa organização que conseguiu arranjar-lhe um tecto.
Nesta Lisboa estas situações não são tão raras quanto isso e repetem-se com raparigas grávidas, raparigas lésbicas, raparigas raparigas e adiante.
A urbanidade portuguesa continua a andar de carroça!

Certa de ter contribuído para o melhoramento dos vossos dias, estou grata pela vossa atenção.