segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Quarta Pausa



Esta noite vou assistir aos Oscars 2005 até que as pálpebras não dêem de si e desfaleçam sobre os meus olhos. Espero aguentar o combate contra o sono; o nascimento de um novo dia indicar-me-á mais um dia de trabalho.

Aqui estão os filmes que vi nas últimas semanas, a tratarem tanto de vida como de morte e pouco de boxe:

- Vera Drake, de Mike Leigh;
- Mar Adentro, de Alejandro Amenábar;
- Million Dollar Baby, de CLINT EASTWOOD.

And the winner is.... Tenho de ir!!!!

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Actuação escrita

Pode-se escrever

Pode-se escrever sem ortografia
Pode-se escrever sem sintaxe
Pode-se escrever sem português
Pode-se escrever numa língua sem saber essa língua
Pode-se escrever sem saber escrever
Pode-se pegar na caneta sem haver escrita
Pode-se pegar na escrita sem haver caneta
Pode-se pegar na caneta sem haver caneta
Pode-se escrever sem caneta
Pode-se sem caneta escrever caneta
Pode-se sem escrever escrever
plume
Pode-se escrever sem escrever
Pode-se escrever sem sabermos nada
Pode-se escrever nada sem sabermos
Pode-se escrever sabermos sem nada
Pode-se escrever
nada
Pode-se escrever com nada
Pode-se escrever sem nada

Pode-se não escrever

Pedro Oom. Actuação Escrita.Lisboa & Etc. 1980
Uma pessoa está fora uns dias e tem esta cambada de badamecos à porta? Xô xô. JÁ! Que bem representam a direita... Vão-se JÁ, badamecos de merda! Vade Retro!!!! Livra!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Os eleitores portugueses nestas legislativas não se limitaram a dar um empurrãozinho no centro-direita, mas um valente chuto no cú, com a certificação de que eles tinham caído mesmo. E a verdade é que cairam e bem.
A maioria absoluta... Como é que é possível que se passe um cheque em branco a alguém que conhecemos há tão pouco tempo? Não entendo. E será que os resultados obtidos expressam e só o desejo de queda da direita ou algo mais, como uma vontade colectiva de melhorar as condições de Portugal, com sacrifícos ? É que isto está mesmo mal...

Por hoje, espero que a minha esquerda esteja à altura.

domingo, fevereiro 20, 2005

Já vou

foto daqui

Chegou a minha hora de votar. Vou a caminho da freguesia da Graça, em Lisboa.

Palavras Rottweiler

Entre as palavras que se trocam, troco com quem aqui lê a confidência de que gosto de campanhas, de tempos de antena, dos coros tribais proferidos em comícios, de eleições e derivados. É um facto. Existe algo na minha pessoa, a ser provavelmente motivo de estudo psiquiátrico para designação da (nova) doença correspondente, que impede o exercício da locomoção enquanto tais estruturas televisivas se passeiam pelo ecrã. Fico como uma criança a ver o canal Panda, com a diferença de movimentar repetida e repentinamente os braços, elevar a voz de quando em vez com vão-se foder e alguns dos seus constituintes, e outros comportamentos tais que reservo à privacidade.
A merda é que estes comportamentos têm vindo a agravar-se…Mas, eu explico. Eu explico: tento assim provocar o mesmo efeito de uma vacina ou seja, dar a conhecer ao meu cérebro o maior número de palavras e imagens nocivas, para mais tarde recordar e constituir, por agora, uma armada invisível, suficientemente invencível e indispensável à minha defesa.
Em tempos, não muito longínquos, senti-me intoxicada pelas palavras que os seus donos libertavam, sem trela, maioritariamente políticos, críticos e comentadores. Sim, é verdade. Também eu já passei por isso, a sofrer danos na pele (uma espécie de urticária) e no sistema nervoso. São tramadas esta palavras! Simpaticamente designo-as de PALAVRAS ROTTWEILER; parecem mas não nos protegem de coisa nenhuma.
Pois bem, para o leitor informado aqui digo que o início está na observação que fazem de forma afastada, aproximam-se calmamente e soltam depois várias lambidelas sobre o(s) indivíduo(s) alvo; como apelo ao sentimento e à consequente abertura da gaveta correspondente, fechada até aí a sete chaves pela maioria. Num ápice (quase) todo o nosso raciocínio lógico é corrompido, os sentidos adulterados e com o prolongamento da exposição, alguns dos órgãos são atacados.
É um facto. As Palavras Rottweiler , embora pareçam, têm tudo menos de inofensivas e como quem não quer nada inicia a sua lavoura cerebral, com o bloqueio de uma das duas mentes; o infectado fica incapacitado de raciocinar com a devida lucidez.

É principalmente ao longo das campanhas eleitorais que se assiste a um maior número de pessoas infectadas por Palavras Rottweiler. E esta campanha não foi a excessão à regra. Com comportamentos e frases interessantes perante os candidatos. Passo a apresentar alguns (poucos) exemplos, em parte, às partes; à partes dos infectados por Palavras Rottweiler:

- Ai ele é bonitinho, vinha tão bem vestido e penteadinho.
- És balente, pá. Vai home! Carago, em frente!
- O povo não se engana, vai votar Santana
- É bonito, sim senhora. Eu vou votar nele.

- Os ciganos vão todos votar nele!
- Ele vai fazer um choque. É verdade. VERDADE. Não acredita, é?
- Não assine nunca o que eles querem sobre o aborto, ouviu? NÃO ASSINE!Grrr
- Xou plofessora e não arranjo emplego por causa dos ucranianos.

Existem também indivíduos que por indefinição do tipo de infecção de que padecem, encontram-se neste quadro, até posterior definição. São os indivíduos que acham que estamos em crise por que há uns anitos não conseguem trocar a merda do carro XPT por XPTO, da filha da puta de casa T3 para T6, o tanque da casa de campo pela piscina olímpica… Obviamente que este problema só se resolve com lobotomia sobre os pacientes.

Certa de ter contribuído para o melhoramento dos vossos dias, estou grata pela vossa atenção.

sábado, fevereiro 19, 2005

Apelo

Hoje não podemos falar de ********, nem de coligações à respectiva. Eu vou ***** sempre, nunca falto. Obviamente por mim e por todas as mulheres e alguns homens que lutaram para que eu tivesse tal direito. Dizem que ainda há MUITOS indecisos (chiça! mas qual é a indecisão?) entre ** , *** , ** ,***, ** e derivados. Eu já decidi! Vou ***** **. **** também!

Comunicado

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Este espaço encontra-se em período de reflexão e de análise aos objectos presentes a concurso.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Estes dias marcados à escala universal para todos os seres humanos civilizados divertem-me: vê-los(as) a irem para a direita e eu sempre com a mania de ir para a esquerda...
Por aqui, na jukebox Kings of Convenience, I'd rather dance with you.
julie doiron: um estilhaço descoberto ontem entre paredes oblíquas, dentro de um vidro azul.

nota: actualizado por motivos de manutenção.

domingo, fevereiro 13, 2005

Ah, diz-me a verdade acerca do amor

Há quem diga que o amor é um rapazinho,
E quem diga que ele é um pássaro;
Há quem diga que faz o mundo girar,
E quem diga que é um absurdo,
E quando perguntei ao meu vizinho,
Que tinha ar de quem sabia,
A sua mulher zangou-se mesmo muito,
E disse que isso não servia para nada.

Será parecido com uns pijamas,
Ou com o presunto num hotel de abstinência?
O seu odor faz lembrar o dos lamas,
Ou tem um cheiro agradável?
É áspero ao tacto como uma sebe espinhosa
Ou é fofo como um edredão de penas?
É cortante ou muito polido nos seus bordos?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Os nossos livros de história fazem-lhe referências
Em curtas notas crípticas,
É um assunto de conversa muito vulgar
Nos transatlânticos;
Descobri que o assunto era mencionado
Em relatos de suicidas,
E até o vi escrevinhado
Nas costas dos guias ferroviários.

Uiva como um cão de Alsácia esfomeado,
Ou ribomba como uma banda militar?
Poderá alguém fazer uma imitação perfeita
Com um serrote ou um Steinway de concerto?
O seu canto é estrondoso nas festas?
Ou gosta apenas de música clássica?
Interrompe-se quando queremos estar sossegados?
Ah! diz-me a verdade acerca do amor.

Espreitei a casa de verão,
E não estava lá,
Tentei o Tamisa em Maidenhead
E o ar tonificante de Brighton,
Não sei o que cantava o melro,
Ou o que a tulipa dizia;
Mas não estava na capoeira,
Nem debaixo da cama.

Fará esgares extraordinários?
Enjoa sempre num baloiço?
Passa todo o seu tempo nas corridas?
Ou a tocar violino em pedaços de cordel?
Tem ideias próprias sobre o dinheiro?
Pensa ser o patriotismo suficiente?
As suas histórias são vulgares mas divertidas?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Chega sem avisar no instante
Em que meto o dedo no nariz?
Virá bater-me à porta de manhã,
Ou pisar-me os pés no autocarro?
Virá como uma súbita mudança de tempo?
O seu acolhimento será rude ou delicado?
Virá alterar toda a minha vida?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Janeiro, 1938


W.H. Auden. Diz-me a verdade acerca do amor. Tradução de Maria de Lourdes Guimarães. Relógio d´Água.1994

Eu é que sou a Administradora do Condomínio!

Hoje, caros leitores, tenho a comunicar-lhes que me tornei finalmente ADMINISTRADORA/GESTORA DO CONDOMÍNIO; momento importante da minha vida, portantes, que quero partilhar convosco.
Na verdade, tornei-me num estudo de caso. Lixem-se as teorias sobre democracia escritas e reescritas em diferentes contextos, caros leitores, mandem bugiar todos os teoremas anacrónicos e caquécticos que guiam a maior parte dos políticos deste planeta e dêem vivas à minha ascensão, de mera habitante de um prédio corroído pelo tempo a uma mulher executiva em lugar de chefia.
Sim, tornei-me no exemplo vivo da democracia participativa, escondida na democracia de ar envelhecido a necessitar de envolver-se numa campanha tal, publicitária, que rejuvenesce qualquer alma impregnada nas misérias da vida actual.
O único problema é que eu não sou a pessoa indicada.

Sim, caros leitores, reneguei em tempos cargo tão ilustre e voltei a fazê-lo agora com o acrescento da minha opinião pessoal sobre a nomeação iminente ou seja, não façam isso, vão arrepender-se…Mas esta gente trabalhadora, gente comum como eu, desejou-me e içou o meu nome em tom uníssono, sem hipótese (de dizer não) de inverter outras vontades que não a do dever cívico que me cumpre agora cumprir (que bonito). Depois, no meu imaginário, levaram-me em braços dali para fora, retirando-me deste pesadelo…
Isto é democracia: ser escolhida por unanimidade, sem campanha eleitoral, pelos meus pares. O que me torna qualquer coisa entre Hércules e César Bórgia e qualquer outra coisa que os meus neurónios não se recordam; sucedido de mais um choque…
Se fosse uma predestinada diria que estou, ao som de Lamento de Magdalena Kozená, a estudar decisões impopulares (fica bem e dá carisma, dizem) que façam conter a despesa, que por aqui também existe. Mas a verdade é que não tenho carácter para estas merdas e o meu ego não está no firmamento; dizem-me que é um dever que cabe a todos mas, não tenho o direito de o recusar? Se por um lado aparentamos a democracia por outro, implantamos a ditadura (dos deveres e afins)... Eis a incompetência da democracia: quer que todos participemos mesmo os que declaramente se assumam, em derminadas áreas, incompetentes para o fazer.

Contudo, acredito que os caros leitores serão, certamente, os meus fervorosos apoiantes. Num dever que também a vós cumpro, informarei sobre as medidas a tomar ou as tomadas por este governo e de pequenos imprevistos (previsíveis), que poderão desencadear súplicas a V.Exas para que desenvolvam esforços ao desenrascanço deste equívoco, num quartinho qualquer, em qualquer sítio...

Queumcaralho! Estou tramada!!!!

sábado, fevereiro 12, 2005

Terceira Pausa

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clopclopclopclopclopclopclopclopclopclop
Brilhante. clopclop. Bra clopclop vo. clop
BRA clopclopVO. LINDO. Viva Imelda!!!!

(passada uma hora, ainda na sala de cinema)

BRAVO.BRAVO.clopclopclop.BRAVO.

(cerca de vinte indivíduos tentam retirar-me do cinema)

Larguem-me! Só saio daqui quando ... Não me batas, besta!
TOMA!

terça-feira, fevereiro 08, 2005

O(A) MIRONE*

Não quero agora falar de política. Já falo muito e por agora a política angustia-me. Por estes dias dediquei-me com afinco a alguns pormenores do carnaval.
Bem, o carnaval em si, mas nunca em mim, nunca foi uma festa do meu encantamento. E assim sendo, o máximo que tentei mascarar este ano foi a minha casa em arrumação e organização... Mesmo assim, senti muitas dificuldades pois, nestas tarefas nem com acções de formação, mestrados, doutoramentos ou coisa que o valha, isto lá ia, nem isso; felizmente. Mas voltemos ao carnaval e ao afinco. Tudo começou numa bela tarde de Inverno quando comecei a não entender as razões que motivam os organizadores de eventos a realizar tantos e tantos corsos de carnaval por Portugal Continental e ilhas(até rima, não é bonito?). Pois, por aquilo que me foi permitido ver via TV (sim, ainda existe por aqui uma... ), os portugueses assistentes NÃO SE MEXEM, caramba. Entre mexer a anca e mexer só a cabeça e os olhos, eles preferem maioritariamente a segunda hipótese. E é aqui que está o nosso problema. É óbvio....
Com recurso a um criterioso método de análise de conteúdo de várias imagens sobre o assunto, a preencher um tempo aproximado de 15 minutos de emissão em diferentes canais de televisão, e a constituição de uma amostra de 1543 indivíduos que se fizeram mostrar, concluo que a posição preferida dos portugueses perante os corsos de carnaval é O MIRONE ou A MIRONE.
OS MIRONES, enquanto esperam a passagem dos carros alegóricos e companhia, amontuam-se ao longo dos passeios, atiram fitas e papelinhos, mandam uma bejarda aqui e acolá e olham, olham e olham. Poucos usam máscara e aparecem quase sempre trajados com casacos ou sobretudos pretos, cinzentos ou castanhos.
Chegado o momento dos carros alegóricos e companhia limitada, assiste-se a um gradual ajuntamento das hostes para a frente, na tentativa de melhor enquandrar o(a) MIRONE com as imagens saltitantes que se passeiam. E é aqui que se verifica um aumento ligeiro de movimentos, concentrados ou no pescoço ou nos olhos ou nas mãos ou, então, nos três elementos em simultâneo; mas nada mais do que isso e muito raramente o movimento de outras partes do corpo, só registado em 1% das pessoas visualisadas.

O estado hirto e firme postulado pela maior parte das(os) MIRONES apresenta algumas variações, muito subtis, visíveis com recurso à lupa ou, para os mais entendidos, visíveis a olho nú. A partir dessas variações foi possível definir diferentes níveis de MIRONES, consoante os movimentos anotados:

- A(o) MIRONE DE NÍVEL 1: não se mexe. Está lá porque nunca vi tal coisa ou já viu mas ficar em casa nunca e assim vamos a isso, para variar nas visitas ao centro comercial;

- A(o) MIRONE DE NÍVEL 2: move lentamente a cabeça e os olhos. É a senhora ou o senhor acompanhados pelos conjuges e assistem porque ele(a) quis ou porque é a única diversão que terá ao longo do ano;

- A(o) MIRONE DE NÍVEL 3: movimenta rapidamente a cabeça e os olhos e lentamente as pernas. E aparece quase sempre na forma do senhor com a sua senhora, que está lá (e ela não sabe)só para ver as gajas, as gajas;

- A(o) MIRONE DE NÍVEL 4: roda a cabeça, abre e fecha repentinamente os olhos, mexe lentamente as pernas e movimenta as mãos de suor (colocadas sobre a nuca ou sobre a cara, não necessariamente sobre os olhos). São senhoras ou senhores que nunca ou algumas vezes assitiram e continuam a achar tudo uma pouca vergonha, uma desenverguhança;

- A(o) MIRONE DE NÍVEL5: mexe o corpo todo mas parece imóvel. É quase sempre uma pessoa que não pratica sexo ou o pratica com má qualidade. Nesta categoria estão também alguns idosos que lamentam ainda não ter sido inventado o rejuvenascimento das células;


Perante este estudo e na esperança de promover futuras investigações sobre o assunto levanto duas questões:
- será que existe alguma interdição aos movimentos corporais em toda a sua amplitude, a ser anunciada de sussuro à chegada da dita festa?
- será que esta festa está inserida na concepção dos MIRONES como sendo um espectáculo e, assim sendo, desencadeia na assistência o silêncio e a pouca expressividade pois, assim é que se quer e assim é que fica bem?

Certa de ter contribuído para o melhoramento dos vossos dias, estou grata pela vossa atenção. Foi um estudo deveras interessante.

*actualizado. pela justiça do género.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Mas queumcaraças! Quando é que eu posso finalmente chegar a casa, sentar-me frente ao Pc PARA escrever todas as tretas que me apetece e depois colocá-las aqui - sim, aqui -, neste bloguezito? É que Já Não Há Pachorra! Salvem-me, por favor! Façam-me um ser mais feliz. Inventem a omnipresença humana ou merdas do género.
(E eu que não escrevi aqui nada que se aproveite...)

Ups, já fui
...
EU VOLTOooooo. EU SEI QUE VOLTOoooooooo. HÃ? QUANDO?

Quanto o Quando desejo!

....