sexta-feira, dezembro 31, 2004
Desejo-vos...
Votos a todos os que por aqui passam. Um ano cheio de momentos felizes.
Um beijo,
Sandra
quarta-feira, dezembro 29, 2004
Passagem de ano
Vou lá eu fazer-vos compreender algo, quando nem eu consigo explicar...Eu sou daquelas pessoas que fica quase sempre numa espécie de depré, em choro, em duas datas ao longo do ano:
- não, não é no dia dos festejos da independência de Portugal;
- não, também não é no dia 25 de Abril - liberdade, cravos, tiros nem vê-los;
- também não é no dia da mãe que alguns amigos militantes continuam, de mão ao alto, a proclamar como sendo no dia de 8 de Dezembro.
- sim, sim é verdade, é no dia dos MEUS ANOS (ainda falta um pouco logo, a 2ª depré que se aguente);
- SIM; SIM é no FINAL DO ANO.
Ainda não tenho explicação para tal acontecimento e, estou certa, existirão poucas pessoas com semelhante quadro psíquico, provavelmente, nesta fase do ano - o final do ano. Passo a apresentar o seu desenvolvimento:
23h30m - piadas, risos e ansiedade (estado normal);
23h40m -começo os preparativos para a passagem: passas, nota de maior valor (estado particular);
23h55- organizo mentalmente os meus doze desejos (estado personalizado);
00h00- distribuo os desejos por cada passa (AVISO: sódevezemquando se realizam);
00h15m - amigos abraçam-me, pulam, felicitam-me.... e EU? Eu, coloco-me no sítio mais longínquo da concentração de massas, observo e choro cumpulsivamente...
Isto é uma merda, garanto-vos! E nada está relacionado com balanços quase empresariais que toda a gente faz por esta altrura. Os amigos bem se juntam em prol do meu bem estar mas, nada feito. Deixem-me estar, que eu até fico bem. Em choro. Ao novo ano.
- não, não é no dia dos festejos da independência de Portugal;
- não, também não é no dia 25 de Abril - liberdade, cravos, tiros nem vê-los;
- também não é no dia da mãe que alguns amigos militantes continuam, de mão ao alto, a proclamar como sendo no dia de 8 de Dezembro.
- sim, sim é verdade, é no dia dos MEUS ANOS (ainda falta um pouco logo, a 2ª depré que se aguente);
- SIM; SIM é no FINAL DO ANO.
Ainda não tenho explicação para tal acontecimento e, estou certa, existirão poucas pessoas com semelhante quadro psíquico, provavelmente, nesta fase do ano - o final do ano. Passo a apresentar o seu desenvolvimento:
23h30m - piadas, risos e ansiedade (estado normal);
23h40m -começo os preparativos para a passagem: passas, nota de maior valor (estado particular);
23h55- organizo mentalmente os meus doze desejos (estado personalizado);
00h00- distribuo os desejos por cada passa (AVISO: sódevezemquando se realizam);
00h15m - amigos abraçam-me, pulam, felicitam-me.... e EU? Eu, coloco-me no sítio mais longínquo da concentração de massas, observo e choro cumpulsivamente...
Isto é uma merda, garanto-vos! E nada está relacionado com balanços quase empresariais que toda a gente faz por esta altrura. Os amigos bem se juntam em prol do meu bem estar mas, nada feito. Deixem-me estar, que eu até fico bem. Em choro. Ao novo ano.
Não apago!
Há dias que venho aqui e tento escrever. Apago e volto a escrever. Escrevo e apago. E isto resume-se ao nada feito. Agora, não apago! O que já está, está. Tal como o meu ano.
sexta-feira, dezembro 24, 2004
In
FelizNatalcomembrulhoscoloridosfitasgrandesbolasárvorebonitaluzes
presentesdarmeterecebertrocapapelpostaissmsenviadasmensagens
amigos importantefarinhapovilharovossepararaçucarmuitobatatas
cozidasbacalhaupratosdispostostalherescoposcheiostravessasquentes
meiachaminépaiNatalceiaboloreivinhobolossobreamesabolosdoces
muitosrabanadassonhosquantossonhosaletriaouarrozdocepinhões
pequenosamêndoasnamãonozesnosfigosfamíliapresenteausente
passadomãesuperabraçosirmãoprotectorcunhadadivertida
primosirmãosmaridodamãefelizbrindetiaschatasmadrinha
queridaafilhadosbeijosdealegriaportantoamore
amizadesemprecumplicidadescarinho
afagaamãotocanocabelofixonoolhar
acriançaemLisboametida
emafectos...
quinta-feira, dezembro 23, 2004
Quebra de tradições
Comer bacalhau cozido com batatas cozidas e couves na noite de Natal sempre foi a parte menos interessante (e mais horrenda, bahhh) a que uma pessoa era obrigada a fazer por estas alturas. Tanto prato tão bom e delicioso que o nosso rectângulo oferece e... QUEM É QUE ESCOLHEU O TAL DO BACALHAU? É que eu tenho a leve impressão de que até existe uma maioria considerável a favor de uma mudança de rumo... Eu, como provavelmente muitos, nunca fui apreciadora deste símbolo nacional mas, porque era Natal, sempre fiz um esforço com súplicas aos deuses para que mais uma vez me desse forças suficientes para levar o garfo à boca com a "comidinha de Deus" e por que lá fora existia muita boa gente sem isso para provar. Várias vezes tentei corromper esta, uma das maiores tradições portuguesas, e junto da minha mãe em estado de protectorado, meti múltiplas cunhas a tradições-portuguesas-minoritárias (o polvo, a galinha recheada...) e europeias bem mais condignas do que esta aplicação abusiva do poder quase absoluto, em aparente concorrência com o peru americanizado de que eu também não gosto mas, neste caso, por ser MAIS uma tradição americanizada; que eu gosto de diversidade.
Mas, a verdade é que nunca tive sucesso. E lá comia o que quase todos os portugueses comem. Mais uma vez, sob o peso de nascer em Portugal...
Entretanto, sem achar que fosse possível, a minha mãe mostrou, finalmente, abertura durante as negociações decorridas neste final de ano e ligou-me a informar que embora se mantenha uma fiel militante ao bacalhau (sempre!), está disposta a uma renovação ligeira, para cotento do povo. Já é qualquer coisa. Pelo menos para este ano...
Mas, a verdade é que nunca tive sucesso. E lá comia o que quase todos os portugueses comem. Mais uma vez, sob o peso de nascer em Portugal...
Entretanto, sem achar que fosse possível, a minha mãe mostrou, finalmente, abertura durante as negociações decorridas neste final de ano e ligou-me a informar que embora se mantenha uma fiel militante ao bacalhau (sempre!), está disposta a uma renovação ligeira, para cotento do povo. Já é qualquer coisa. Pelo menos para este ano...
Festa do sonho
Estamos na época que nos permite sonhar, sem dúvida. Envolvidos num acto cénico com luz e música, somos transpostados para a órbita imaginária do-tudo- é-possível -mas não real. E sonhamos como nunca, de forma declarada: por um mundo diferente e melhor (esta já está gasta...); pelos presentes possíveis e impossíveis de obter; pelas pessoas supostamente ausentes do nosso quotiano mas que pretendiamos presentes e pelas presentes que muito amamos; e por tantos e tantos mais sonhos.
O Natal talvez esteja a perder neste mundo pós-moderno a designação de festa da família. Pois, embora se assista ainda a um esforço por parte de algumas famílias outras deixaram há muito de o ser, foram-se dissolvendo em partículas ínfimas de afectos trocados por ténues laços de afinidade. Muitos dos idosos são deixados em lares e a sua família são as pessoas com quem diariamente troca um olhar, afaga uma mão, recebe um beijo... Muitas das crianças têm a sua família separada e assim, no Natal habituam-se desde cedo, como alguns casais a passar uma parte num sítio e outra parte noutro sítio, quando um dos sítios se mostra disponível. E desta forma, muitas crianças começam a construir partes fragmentadas de uma festa de Natal que anteriomente parecia um todo, com toda a gente junta.
Desta forma, considero cada vez mais o Natal como a festa do sonho ( da fantasia e da ilusão ). E da sua concretização; pelo menos de alguns. Até o tempo presente, feliz, é um sonho para alguém que ainda se considera dentro das suas capacidades (embora por vezes não pareça...) a partilhar um momento bonito com as pessoas que ama e que tem receios quanto ao futuro longínquo. É o momento da fantasia pelos inúmeros artefactos existentes para o efeito. É o momento de ilusão por desencadear, em poucos dias, sentimentos de que bonito-que-isto-seria-se-fosse-sempre-assim-pá.
E isto é tudo uma treta. Já não há Natais como antigamente e eu já sou crescida e já não acredito em Pais-Natal.
O Natal talvez esteja a perder neste mundo pós-moderno a designação de festa da família. Pois, embora se assista ainda a um esforço por parte de algumas famílias outras deixaram há muito de o ser, foram-se dissolvendo em partículas ínfimas de afectos trocados por ténues laços de afinidade. Muitos dos idosos são deixados em lares e a sua família são as pessoas com quem diariamente troca um olhar, afaga uma mão, recebe um beijo... Muitas das crianças têm a sua família separada e assim, no Natal habituam-se desde cedo, como alguns casais a passar uma parte num sítio e outra parte noutro sítio, quando um dos sítios se mostra disponível. E desta forma, muitas crianças começam a construir partes fragmentadas de uma festa de Natal que anteriomente parecia um todo, com toda a gente junta.
Desta forma, considero cada vez mais o Natal como a festa do sonho ( da fantasia e da ilusão ). E da sua concretização; pelo menos de alguns. Até o tempo presente, feliz, é um sonho para alguém que ainda se considera dentro das suas capacidades (embora por vezes não pareça...) a partilhar um momento bonito com as pessoas que ama e que tem receios quanto ao futuro longínquo. É o momento da fantasia pelos inúmeros artefactos existentes para o efeito. É o momento de ilusão por desencadear, em poucos dias, sentimentos de que bonito-que-isto-seria-se-fosse-sempre-assim-pá.
E isto é tudo uma treta. Já não há Natais como antigamente e eu já sou crescida e já não acredito em Pais-Natal.
quarta-feira, dezembro 22, 2004
Mais de 80 anos
Hoje fui ao famoso Colombo Cheio ( de indivíduos da classe média baixa- se é que isto existe em Portugal...) com a intenção de comprar as minhas últimas duas prendas de Natal. Uma delas para uma pessoa com mais de 80 anos. Fui na tentativa de encontrar algo BONITO e INTERESSANTE para uma senhora que muito estimo e que ainda distingue a esquerda da direita, a ervilha do milho, um BOM moçoilo de um tipo sem sal...
Pois é. Depois de ter desesperado com as respostas à pergunta: O que sugeres como prenda de Natal a uma senhora de 80 anos? Das respostas consegui reunir o seguinte top 5 :
- a famosa Manta que não serve (nem aquece) para muito para além de enfeitar as pernas;
-umas pirosérrimas Peças de Roupa que de certeza são idealizadas por pessoas existo-porque-sim, frustadas com a vida;
- as horríveis Cuecas com a utilidade de taparem, com um pouco mais de esforço, as mamas.
- os imperdíveis Lenços de Mão que de bonito e interessante não têm nada e só servem para colocar nhanha;
- a mais que tudo Combinação que não combina com nada mas só existe para pesar no corpo.
- e... ficamos por aqui.
Isto de ser idoso e ser Natal deve ser tramado! Os presentes, quando os recebem (!), não devem ser muito diferentes destes. E, como é de supor, acabam por repetir-se: Olha, mais umas cuecas. Obrigada, pelo vigésimo par de meias.
Eu acabei por comprar isto. E estou certa de que vai gostar.
Pois é. Depois de ter desesperado com as respostas à pergunta: O que sugeres como prenda de Natal a uma senhora de 80 anos? Das respostas consegui reunir o seguinte top 5 :
- a famosa Manta que não serve (nem aquece) para muito para além de enfeitar as pernas;
-umas pirosérrimas Peças de Roupa que de certeza são idealizadas por pessoas existo-porque-sim, frustadas com a vida;
- as horríveis Cuecas com a utilidade de taparem, com um pouco mais de esforço, as mamas.
- os imperdíveis Lenços de Mão que de bonito e interessante não têm nada e só servem para colocar nhanha;
- a mais que tudo Combinação que não combina com nada mas só existe para pesar no corpo.
- e... ficamos por aqui.
Isto de ser idoso e ser Natal deve ser tramado! Os presentes, quando os recebem (!), não devem ser muito diferentes destes. E, como é de supor, acabam por repetir-se: Olha, mais umas cuecas. Obrigada, pelo vigésimo par de meias.
Eu acabei por comprar isto. E estou certa de que vai gostar.
sábado, dezembro 18, 2004
sexta-feira, dezembro 17, 2004
Meu caro amigo
Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando que, também, sem cachaça
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus
Chico Buarque. 1976
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando que, também, sem cachaça
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus
Chico Buarque. 1976
quinta-feira, dezembro 16, 2004
terça-feira, dezembro 14, 2004
sábado, dezembro 11, 2004
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Dúvidas reflexivas
Sempre que pago o valor do arranjo de um electrodoméstico ou do carro fico sempre com a sensação de que estou a ser enganada. Porque será?
quarta-feira, dezembro 08, 2004
As palavras
Que sei eu de palavras?Conheci-as em tempos num caderno quadriculado onde com cuidado as colocava, por cada análise ou sentimentos expressos na minha observação pelo mundo. Tinhamos uma relação muito íntima e por estes tempos as palavras tinham outros significados, limpas de medos ou inseguranças, aparentemente equilibradas numa cordel de nylon. Os quadros da vida multiplicaram-se e as palavras começaram a ser trocadas pelas que voam; aquelas que soltamos da boca. As que estavam do meu caderno quadriculado foram sendo deixadas, aos poucos, lá ficar, sem contacto; no isolamento profundo de não serem... nada.
Mais tarde, sempre junto deste cifrável conjunto de símbolos, comecei a gostar do toque dos dedos com as teclas e como se estivesse a tocar piano (instrumento que adoro e pena tenho de não o saber tocar) construia alongados textos sobre os mais diversos assuntos.
Em várias alturas da minha vida, já senti muita necessidade delas, em estados de socorro ou de festividade da alma. Em poucos períodos da minha vida, afastei-me delas. Mas, em toda a minha vida as palavras estiveram sempre lá ou cá. Mas estiveram. Bem ou mal.
Mais tarde, sempre junto deste cifrável conjunto de símbolos, comecei a gostar do toque dos dedos com as teclas e como se estivesse a tocar piano (instrumento que adoro e pena tenho de não o saber tocar) construia alongados textos sobre os mais diversos assuntos.
Em várias alturas da minha vida, já senti muita necessidade delas, em estados de socorro ou de festividade da alma. Em poucos períodos da minha vida, afastei-me delas. Mas, em toda a minha vida as palavras estiveram sempre lá ou cá. Mas estiveram. Bem ou mal.
segunda-feira, dezembro 06, 2004
notas para o diário
deus tem que ser substituído rapidamente por poe-
mas, sílabas sibilantes, lâmpadas acesas, corpos palpáveis,
vivos e limpos.
a dor de todas as ruas vazias.
sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio.
e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abis-
mo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de aca-
bar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias.
mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu cora-
ção, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.
a dor de todas as ruas vazias.
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lis-
boa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.
a dor de todas as ruas vazias.
sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o
filme acabou. não nos conheceremos nunca.
a dor de todas as ruas vazias.
os poemas adormeceram no desassossego da idade.
fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais
curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me
as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas. ..e
nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e
a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.
a dor de todas as ruas vazias.
Al-Berto. Horto de Incêndio. Assírio & Alvim. 3ª edição - Dezembro 2000
mas, sílabas sibilantes, lâmpadas acesas, corpos palpáveis,
vivos e limpos.
a dor de todas as ruas vazias.
sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio.
e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abis-
mo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de aca-
bar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias.
mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu cora-
ção, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.
a dor de todas as ruas vazias.
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lis-
boa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.
a dor de todas as ruas vazias.
sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o
filme acabou. não nos conheceremos nunca.
a dor de todas as ruas vazias.
os poemas adormeceram no desassossego da idade.
fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais
curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me
as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas. ..e
nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e
a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.
a dor de todas as ruas vazias.
Al-Berto. Horto de Incêndio. Assírio & Alvim. 3ª edição - Dezembro 2000
sábado, dezembro 04, 2004
Compras, compras
Hoje vou estar por aqui. Das 10 dicas preciosas apresentadas no site, gosto especialmente destas duas:
7. Vista a sua melhor lingerie. Na falta de provador, pode ter mesmo que se despir em público.
8. Faça uma pausa no lounge. Prove tudo, beba umas caipirinhas e divirta-se a contar quantos sacos é que os outros já têm.
E aí vou eu, à espera de ver algo de bom, bonito e barato.
Bom fim de semana!
7. Vista a sua melhor lingerie. Na falta de provador, pode ter mesmo que se despir em público.
8. Faça uma pausa no lounge. Prove tudo, beba umas caipirinhas e divirta-se a contar quantos sacos é que os outros já têm.
E aí vou eu, à espera de ver algo de bom, bonito e barato.
Bom fim de semana!
sexta-feira, dezembro 03, 2004
quinta-feira, dezembro 02, 2004
Rita em festa
Chego sempre atrasada... mas acho que vou a tempo de enviar-te uma grande beijoca de parabéns e um gracias por existires neste espaço da blogosfera.Continua!
Volta Cavaco, volta D. Sebastião
Tenho ainda alguns níveis de álcool no sangue e talvez seja isso que ainda me vai valendo para não acreditar no que vou ouvindo sobre o nosso estado de governo. Continuamos, ao que parece, a abrir caminho aos fantasmas do passado; missinários propositados para o salvamento da pátria lusa, contra o afogamento eminente. Cavaco Silva, volta que estás perdoado - gritam quase em som estereofónico (só lhe faltam as carrinhas a percorrer o país) algumas hostes do PSD e outros que não são de lado nenhum mas que lhes parece bem. Portugal parece perdido a discutir o bem e o mal que o Presidente da República fez (volta Mário Soares?) e em estado de desespero julgo, dizem-se estas coisas... sem memória. Cavaco Silva tem também as suas culpas no estado a que Portugal chegou (ou que sempre esteve); foi mesmo um dos que mais gastou ao desbarato. Terá tido algum sentido de estado, talvez, mas, os seus governos e respectivos ministros foram motivo para grandes embrulhadas...
Não me lixem!
Mais um uisque, se faz favor.
Não me lixem!
Mais um uisque, se faz favor.