Passei a manhã no meu local de trabalho. Deixei-o por volta das 14h, com almoço incluído, em direcção à Universidade Nova de Lisboa, onde fiquei duas horas. Por volta das 16h sento-me nas escadas da estação do Cais Sodré à espera do Luis.
O Cais do Sodré é um local onde a sociedade conflui, da tia que corre para apanhar o comboio para Cascais até ao pequeno traficante que diz-nos várias vezes ao ouvido que tem erva. É um mundo pequeno aquele... Tudo se confunde na confusão da existência, do ser e do ter.
Pelas 16h15m abraço-me longamente ao meu loverboy, depois de uma período de ausência não premeditado. Falamos das nossas vidas, o que fizemos ou o que poderíamos ter feito e de alguns sentimentos que pareciam adormecidos. Por entre as palavras que se cruzam, jantamos num restaurante indiano que há no Largo do Carmo, regado por um vinho (nada mau) da Adega de Pegões, da região do Sado. Dirigimo-nos depois ao encontro dos e com os livros na Ler Devagar (no Bairro Alto) , onde lá estava mais uma vez o (meu) suposto estranho. Por fim, acabamos a noite a dançar na discoteca Jamaica, no Cais do Sodré. No Cais do Sodré. Voltamos ao princípio. De quase tudo...(que ainda estará por existir?)
E assim foi a minha Sexta-feira. Para Sábado.
sábado, julho 24, 2004
terça-feira, julho 20, 2004
O Homem chegou à Lua
Quando o Homem chegou à Lua Maria não acreditou. Desligou o rádio e deitou-se mais cedo. Trinta e cinco anos passados, Maria continua a dizer que é invenção do Homem.
Notícia do dia
Aldeia de Martinlongo
Inacreditável. Em pleno século XXI chegou finalmente ÁGUA potável a mais uma aldeia portuguesa. Chama-se Martinlongo e fica no concelho de Alcoutim.
Gostaria de poder afirmar que esta era a última povoação portuguesa sem este recurso natural mas, infelizmente, ainda existem por aí mais algumas. Quantas faltam? Não convém divulgar para um país que se quer parecer o mais europeu possível.
Dadas as circunstâncias vou ceder no que se refere à colocação da bandeira: - colocarei uma bandeira na janela da minha casa, no meu carro ou no rabo das minhas calças quando finalmente tomar conhecimento ou verificar que todas as pessoas deste país possuem as condições mínimas de vida, independentemente da região onde moram Está dito.
Inacreditável. Em pleno século XXI chegou finalmente ÁGUA potável a mais uma aldeia portuguesa. Chama-se Martinlongo e fica no concelho de Alcoutim.
Gostaria de poder afirmar que esta era a última povoação portuguesa sem este recurso natural mas, infelizmente, ainda existem por aí mais algumas. Quantas faltam? Não convém divulgar para um país que se quer parecer o mais europeu possível.
Dadas as circunstâncias vou ceder no que se refere à colocação da bandeira: - colocarei uma bandeira na janela da minha casa, no meu carro ou no rabo das minhas calças quando finalmente tomar conhecimento ou verificar que todas as pessoas deste país possuem as condições mínimas de vida, independentemente da região onde moram Está dito.
To bring you my love
Com P.J. Harvey em fundo, ouço-te do outro lado do Mundo. Marcamos encontro para sexta. Até lá, desejo-te.
segunda-feira, julho 19, 2004
No vazio
Esperava palavras. Cifráveis ou não. Complexos difusos. Da pulsação. Palavras do explicável; com pulso; com mão; na tua boca. Perdemo-las, pois então. No vazio. No frio que nos afasta. Juntas ao vento. Absorvidas no ar. Eu não as vejo, tal como não te vejo; não te ouço... Fala!
Laminagem
Um país agora este imenso aterro
teve alguma vez colinas e montados
onde o olhar demorava, adormecia
e seguia uma alegria viandante?
Ou gente que chegasse a qualquer mar
de que não quisesse logo fugir?
Só o pastorial decrépito o suspirava.
Teve o que todos tinham, em quantidade escassa,
até cobrir-se de desterro e de ilegais
e em pano de fundo esse lagar
de suicidas e débitos e primeiras segundas gerações.
A farpa de aceitação de quem consome
o sem destino da consciência.
Um país; tornou-se um assassino.
Viverei os poucos verões até morrer
com este mundo de agressão em cerco.
Eu queria outro país, outro lugar
e tenho este infortúnio de leis amarrotadas
que não cumprem nem o violento nem o clandestino.
Um país de acasos,
um parque de campismo selvagem, um cimento apodrecido,
a música de sem abrigos nas estações de metro
enquanto não chegam comboios avariados
às plataformas de arte depredada,
um esboroamento sanguinário.
Até a linguagem me ergueu
me sabe a sarro e a arrabalde.
Não fossem as obrigações que nos garrotam
nos fazem monstros com a lassidão de herbívoros
talvez pudesse ter o interior abandonado
e chegasse a faca do sol e me cortasse
noutra penúria mais serena.
Ainda que me digam que não olhe,
eu vejo. Ainda que me digam faz ginástica
e a depressão desaparece, nada me resolve.
Os ruídos sobem de qualquer lugar,
sintetizadores, martelos, desabamentos
uma percussão alheia a qualquer justiça.
Nenhuma janela que não fale
da construção administrativa dos piores instintos.
Todo o lixo do humano feito sebo
em qualquer lugar. Ainda que me digam
que vivemos em democracia eu digo
que não sei. Nem direitos nem deveres.
Um sem remédio ancestral.
Morreu a casa. Matou-a
o que lhe coube por contemporâneo
contra a placidez. Os autorizados
pelo conluio e pela votação.
Morreu a casa. E o pior
é não poder partir. Os laços
já se juntaram em anestesia. Preso
por outro amor, que não entende,
que não ouve como a casa já morreu.
A alguns vemo-los em qualquer pousio
depois de fecharem as lojas
e nem se sabe o que vemos.
Aos balcões de cafés de azulejo,
com telemóveis pendurados nos cintos
e os cartões de crédito em dente na carteira.
Riem-se e batem nas costas
uns dos outros, entreolham e vigiam
se alguém diverso se aproxima
para largarem uma troça arcaica, e comem
com essa fome dos que não sofreram ainda
inquietações laborais ou crêem que virá
depressa o primeiro emprego.
Ao olhá-los melhor, aos seus afectos
de pessoal especializado em escuras economias
adicionais, vejo-os depois no verão.
Ao deus dará em todos os lugares,
em tendas velhas, em rulotes,
sabe-se lá onde vão cagar. E as mulheres
com os sinais exteriores da aspereza.
E as asas do inverno marítimo
auguram aluimento.
Eu queria que na cabeça parasse
o furor de tudo o que tomba,
a derrota do dia a dia,
mas será sempre o cabide do tempo
quem estende as garras
para nos alhear.
E os e-mail atravessam zonas sem remendo,
choças de tijolo com roupas a secar.
Assim armado o país.
As gentes em catástrofe deslocam-se,
deixam por testemunho o abandono e a inépcia.
Uma a uma, uma paisagem é trucidada.
Inchou a autarquias o país.
Atravessam-no a miséria e algum dinheiro
insolentes.
Um assassino
espreita outro assassino.
Os que destroem agora
podem exigir os torcionários que virão,
pois quem destrói pressente um chefe
e vai servi-lo.
E muitos hão-de sempre ser as vítimas
da liberdade que consente a violência
da violência que não consente a liberdade.
Um assassino o país. Com as suas leis
inúteis, a sua ordem por cumprir.
Só nos resta esperar então morrer?
Joaquim Manuel Magalhães.Alta Noite em Alta Fraga.Relógio d´Água. 2001
teve alguma vez colinas e montados
onde o olhar demorava, adormecia
e seguia uma alegria viandante?
Ou gente que chegasse a qualquer mar
de que não quisesse logo fugir?
Só o pastorial decrépito o suspirava.
Teve o que todos tinham, em quantidade escassa,
até cobrir-se de desterro e de ilegais
e em pano de fundo esse lagar
de suicidas e débitos e primeiras segundas gerações.
A farpa de aceitação de quem consome
o sem destino da consciência.
Um país; tornou-se um assassino.
Viverei os poucos verões até morrer
com este mundo de agressão em cerco.
Eu queria outro país, outro lugar
e tenho este infortúnio de leis amarrotadas
que não cumprem nem o violento nem o clandestino.
Um país de acasos,
um parque de campismo selvagem, um cimento apodrecido,
a música de sem abrigos nas estações de metro
enquanto não chegam comboios avariados
às plataformas de arte depredada,
um esboroamento sanguinário.
Até a linguagem me ergueu
me sabe a sarro e a arrabalde.
Não fossem as obrigações que nos garrotam
nos fazem monstros com a lassidão de herbívoros
talvez pudesse ter o interior abandonado
e chegasse a faca do sol e me cortasse
noutra penúria mais serena.
Ainda que me digam que não olhe,
eu vejo. Ainda que me digam faz ginástica
e a depressão desaparece, nada me resolve.
Os ruídos sobem de qualquer lugar,
sintetizadores, martelos, desabamentos
uma percussão alheia a qualquer justiça.
Nenhuma janela que não fale
da construção administrativa dos piores instintos.
Todo o lixo do humano feito sebo
em qualquer lugar. Ainda que me digam
que vivemos em democracia eu digo
que não sei. Nem direitos nem deveres.
Um sem remédio ancestral.
Morreu a casa. Matou-a
o que lhe coube por contemporâneo
contra a placidez. Os autorizados
pelo conluio e pela votação.
Morreu a casa. E o pior
é não poder partir. Os laços
já se juntaram em anestesia. Preso
por outro amor, que não entende,
que não ouve como a casa já morreu.
A alguns vemo-los em qualquer pousio
depois de fecharem as lojas
e nem se sabe o que vemos.
Aos balcões de cafés de azulejo,
com telemóveis pendurados nos cintos
e os cartões de crédito em dente na carteira.
Riem-se e batem nas costas
uns dos outros, entreolham e vigiam
se alguém diverso se aproxima
para largarem uma troça arcaica, e comem
com essa fome dos que não sofreram ainda
inquietações laborais ou crêem que virá
depressa o primeiro emprego.
Ao olhá-los melhor, aos seus afectos
de pessoal especializado em escuras economias
adicionais, vejo-os depois no verão.
Ao deus dará em todos os lugares,
em tendas velhas, em rulotes,
sabe-se lá onde vão cagar. E as mulheres
com os sinais exteriores da aspereza.
E as asas do inverno marítimo
auguram aluimento.
Eu queria que na cabeça parasse
o furor de tudo o que tomba,
a derrota do dia a dia,
mas será sempre o cabide do tempo
quem estende as garras
para nos alhear.
E os e-mail atravessam zonas sem remendo,
choças de tijolo com roupas a secar.
Assim armado o país.
As gentes em catástrofe deslocam-se,
deixam por testemunho o abandono e a inépcia.
Uma a uma, uma paisagem é trucidada.
Inchou a autarquias o país.
Atravessam-no a miséria e algum dinheiro
insolentes.
Um assassino
espreita outro assassino.
Os que destroem agora
podem exigir os torcionários que virão,
pois quem destrói pressente um chefe
e vai servi-lo.
E muitos hão-de sempre ser as vítimas
da liberdade que consente a violência
da violência que não consente a liberdade.
Um assassino o país. Com as suas leis
inúteis, a sua ordem por cumprir.
Só nos resta esperar então morrer?
Joaquim Manuel Magalhães.Alta Noite em Alta Fraga.Relógio d´Água. 2001
domingo, julho 18, 2004
Na véspera estreia...
Nem sempre concordo com as crónicas que Vasco Pulido Valente escreve no DN. Mas, conhecendo-o como num disfarçado apoiante do PSD e acérrimo defensor de Cavaco Silva, li as crónicas dos dias 16 e de 17 de Julho, que transcrevo parte, com muita curiosidade. Só ele poderia fazer esta brilhante análise da nossa situação política, que concordo em alguns aspectos. Deixo-vos com partes das duas crónicas de sexta e de sábado. Sendo 1 a de 16 de Julho, intitulada Na véspera. E a 2 a de 17 de Julho, intitulada Estreia.:
1. " Em 1995, depois de um longo Governo, Cavaco saiu serenamente, e deixou o país o País de maneira geral próspero e em ordem. Saiu farto do PSD, da imprensa e da televisão. (...) Em 2002, a meio do segundo mandato, Guterres resolveu fugir e deixou o País num estado deplorável. Em 2004, fugiu Barroso, com uma desculpa que absurdamente passou por honrosa, e deixou o País mais pobre, mais confuso e sem esperança numa adiada e sempre duvidosa retoma. E, agora, veio o dr. Santana Lopes. Por muito estranho que pareça, num ponto essencial Guterres, Barroso e Lopes não se distinguem: são os três produtos partidários. Na vida civil nenhum deles vale coisíssima nenhuma. Tirando um ou outro emprego aos vinte anos, todo o dinheiro que ganharam foi ganho na política ou pela política. (...) Guterres nunca sequer passou pelo Governo; Barroso é o autor do inominável acordo de Bicesse; e Lopes protegeu o teatro de revista, plantou umas palmeiras na Figueira da Foz (não exactamente um acto heróico) e legou a Lisboa um saco de sarilhos. (...) A partir de Cavaco, Portugal ficou entregue a pequenos conspiradores de pequenas seitas.(...) Hoje há um ar de irrealidade no advento de Santana Lopes. Ninguém acredita que está a suceder o que está a suceder. É um sentimento comum em véspera de catástofre."
2. "(...) Santana Lopes começa mal. A escolha de António Bagão Félix, António Monteiro e Álvaro Barreto é um erro político e um sintoma de fraqueza. É um sintoma de fraqueza, no caso de Bagão, porque revela que ninguém de envergadura do PSD, ou área do PSD, aceitou as Finanças, fatalmente por pura desconfiança mo primeiro-ministro, e que foi preciso recorrer a uma homem que já estava no Governo e que (...) sempre trabalhou com o CDS. (...) promover a ministro o embaixador Monteiro, também prova que não há no partido, ou no santanismo, uma alternativa decente razoável. (...) a ressurreição de Álvaro Barreto e sua extrevagante ascenção a segunda figura do Governo mostra que, em matéria económica, o primeiro-ministro precisa de um tutor, que o oriente e que inspire por antiguidade (?) algum respeito. (...) Bagão nas Finanças (...) e a sua história na banca e nos seguros, transforma uma política nacional numa simples política dos patrões. Os patrões, de resto, com a sua atávica estupidez, não se coibiram de aparecer na televisão em êxtase. (...) Barreto, que apoiou sucessivamente e sem pestanejar Eanes, Mota Pinto, Sá Carneiro, Balsemão, o Bloco Central e Cavaco Silva, e que iria para ministro do inferno se o Diabo o convidasse, para servir a Pátria e os seus senhores. A nova geração de Santana Lopes, que tanto por aí se apregoou teve esta estreia. O que virá a seguir?"
Vasco Pulido Valente. DN. Julho de 2004
1. " Em 1995, depois de um longo Governo, Cavaco saiu serenamente, e deixou o país o País de maneira geral próspero e em ordem. Saiu farto do PSD, da imprensa e da televisão. (...) Em 2002, a meio do segundo mandato, Guterres resolveu fugir e deixou o País num estado deplorável. Em 2004, fugiu Barroso, com uma desculpa que absurdamente passou por honrosa, e deixou o País mais pobre, mais confuso e sem esperança numa adiada e sempre duvidosa retoma. E, agora, veio o dr. Santana Lopes. Por muito estranho que pareça, num ponto essencial Guterres, Barroso e Lopes não se distinguem: são os três produtos partidários. Na vida civil nenhum deles vale coisíssima nenhuma. Tirando um ou outro emprego aos vinte anos, todo o dinheiro que ganharam foi ganho na política ou pela política. (...) Guterres nunca sequer passou pelo Governo; Barroso é o autor do inominável acordo de Bicesse; e Lopes protegeu o teatro de revista, plantou umas palmeiras na Figueira da Foz (não exactamente um acto heróico) e legou a Lisboa um saco de sarilhos. (...) A partir de Cavaco, Portugal ficou entregue a pequenos conspiradores de pequenas seitas.(...) Hoje há um ar de irrealidade no advento de Santana Lopes. Ninguém acredita que está a suceder o que está a suceder. É um sentimento comum em véspera de catástofre."
2. "(...) Santana Lopes começa mal. A escolha de António Bagão Félix, António Monteiro e Álvaro Barreto é um erro político e um sintoma de fraqueza. É um sintoma de fraqueza, no caso de Bagão, porque revela que ninguém de envergadura do PSD, ou área do PSD, aceitou as Finanças, fatalmente por pura desconfiança mo primeiro-ministro, e que foi preciso recorrer a uma homem que já estava no Governo e que (...) sempre trabalhou com o CDS. (...) promover a ministro o embaixador Monteiro, também prova que não há no partido, ou no santanismo, uma alternativa decente razoável. (...) a ressurreição de Álvaro Barreto e sua extrevagante ascenção a segunda figura do Governo mostra que, em matéria económica, o primeiro-ministro precisa de um tutor, que o oriente e que inspire por antiguidade (?) algum respeito. (...) Bagão nas Finanças (...) e a sua história na banca e nos seguros, transforma uma política nacional numa simples política dos patrões. Os patrões, de resto, com a sua atávica estupidez, não se coibiram de aparecer na televisão em êxtase. (...) Barreto, que apoiou sucessivamente e sem pestanejar Eanes, Mota Pinto, Sá Carneiro, Balsemão, o Bloco Central e Cavaco Silva, e que iria para ministro do inferno se o Diabo o convidasse, para servir a Pátria e os seus senhores. A nova geração de Santana Lopes, que tanto por aí se apregoou teve esta estreia. O que virá a seguir?"
Vasco Pulido Valente. DN. Julho de 2004
sábado, julho 17, 2004
Shrek 2
.
Há muito que não escrevo sobre cinema. Um hobby que tento praticar com alguma regularidade. Pois bem, o último filme que vi foi precisamente o Shrek 2 em versão dobrada, que aconselho. Já tinha visto o primeiro e fiquei com óptima impressão. Impressionada com o tipo de humor, adaptável a todas as idades. Este tipo de filme não se conta, vê-se. É pelo argumento que marca o maior número de pontos, aliado a uma boa animação. A história de um ogre e da sua amada Fiona, com um amigo burro especial entre muitos e muitas outras personagens que não deixam o espectador indiferente. Como nem tudo é perfeito, podem consultar neste site as falhas do filme.
Bons filmes!
Nota (de 0 a 10): 8
Há muito que não escrevo sobre cinema. Um hobby que tento praticar com alguma regularidade. Pois bem, o último filme que vi foi precisamente o Shrek 2 em versão dobrada, que aconselho. Já tinha visto o primeiro e fiquei com óptima impressão. Impressionada com o tipo de humor, adaptável a todas as idades. Este tipo de filme não se conta, vê-se. É pelo argumento que marca o maior número de pontos, aliado a uma boa animação. A história de um ogre e da sua amada Fiona, com um amigo burro especial entre muitos e muitas outras personagens que não deixam o espectador indiferente. Como nem tudo é perfeito, podem consultar neste site as falhas do filme.
Bons filmes!
Nota (de 0 a 10): 8
sexta-feira, julho 16, 2004
Citações
Portrait IV (Retrat IV). Miro, Joan
" Ter fé é uma coisa muito limitada. O importante é se estamos no caminho dessa procura e dessa certeza. Ver os outros, olhar para os outros e amar os outros que vemos é o primeiro acto de fé"
" Fazemo-nos na medida em que dialogamos com outros e podemos discutir com outros. E nisso sou ferozmente contra o consenso, porque o consenso nivela e não permite sequer que as pessoas emitam outras opiniões e outras vozes. Vejo muito mais a relação pela palavra como conflitual. O gosto que dá pensar em conjunto com alguém que diz o contrário do que a gente está a dizer..."
Pintasilgo, Maria de Lourdes. Dna. 2004
" Ter fé é uma coisa muito limitada. O importante é se estamos no caminho dessa procura e dessa certeza. Ver os outros, olhar para os outros e amar os outros que vemos é o primeiro acto de fé"
" Fazemo-nos na medida em que dialogamos com outros e podemos discutir com outros. E nisso sou ferozmente contra o consenso, porque o consenso nivela e não permite sequer que as pessoas emitam outras opiniões e outras vozes. Vejo muito mais a relação pela palavra como conflitual. O gosto que dá pensar em conjunto com alguém que diz o contrário do que a gente está a dizer..."
Pintasilgo, Maria de Lourdes. Dna. 2004
quinta-feira, julho 15, 2004
Íman
A tua língua junta-se à minha pele; como um íman. Navega pelo meu corpo. Dirigi-se de Norte a Sul. Sem cessar de Oeste a Este. Por intempéries e tornados. Faz desaparecer as falhas das rugas. Nas pregas. Nas pernas. Nos braços. No canto que é teu. Nosso. Ficamos. Sós. Nós. Calados Colados. Como um anúncio.
Obrigada Maria de Lourdes Pintasilgo
A vida perde-se mas a obra fica. Espero por muito tempo. Obrigada pelo que lutou e como lutou. Como mulher. Portuguesa.
domingo, julho 11, 2004
O homem em eclipse
Ora foi que certo dia
o homem eclipsou-se
a data digam a data
a datazinha faz favor
qual data foi por decreto
que a gente se eclipsou
foi só manobra espertice
um dois três e pronto é noite
que nem a lua apareça
seja de que lado for
Uns seguraram-se logo
eram espertos bem se viu
outros cairam ao mar
com cabeça pernas e tudo
quanto a mim perdi a calma
fiquei desaparafusado
tradição cultura estilo
certeza amigos fatiota
tudo fora do seu sítio
um desaparafuso terrível
Segurem-me camaradas
sinto pernas a boiar
cheiro fantasmas enxofre
estou aqui mas posso voar
o parafuso da língua
vai partido vai saltar
agarrem-me! agarra!
pronto
pari o mais leve que o ar
Mário Cesariny.Colecção Poesia e Verdade.Guimarães & C.ª Editores.1976
o homem eclipsou-se
a data digam a data
a datazinha faz favor
qual data foi por decreto
que a gente se eclipsou
foi só manobra espertice
um dois três e pronto é noite
que nem a lua apareça
seja de que lado for
Uns seguraram-se logo
eram espertos bem se viu
outros cairam ao mar
com cabeça pernas e tudo
quanto a mim perdi a calma
fiquei desaparafusado
tradição cultura estilo
certeza amigos fatiota
tudo fora do seu sítio
um desaparafuso terrível
Segurem-me camaradas
sinto pernas a boiar
cheiro fantasmas enxofre
estou aqui mas posso voar
o parafuso da língua
vai partido vai saltar
agarrem-me! agarra!
pronto
pari o mais leve que o ar
Mário Cesariny.Colecção Poesia e Verdade.Guimarães & C.ª Editores.1976
sábado, julho 10, 2004
Que merda é esta?!
Estava desejosa de saber o veredicto do presidente Jorge Sampaio, como possivelmente muitos portugueses. Embora não esperasse algo diferente do decidido, tendo em conta a personalidade política de Jorge Sampaio, fiquei com a esperança de poder ser supreendida. Tive conhecimento que iria ser emitida uma declaração às 21h15m mas, por aspectos múltiplos, só consegui apanhar algum fio à meada para lá das 22h, quando ligo o rádio do carro. Inicialmente a tarefa não foi fácil. Comecei por ficar confusa, com a impressão de que toda a gente se tinha demitido, as afirmações da deputada socialista Ana Gomes: "uma maioria, um governo, um presidente" induziam que algo se havia passado para quem esteve cerca de quatro horas afastada de quase tudo (como eu). Liguei de imediato a uma amiga e para além do que suspeitava... mas que merda é esta! O Ferro Rodrigues demitiu-se?! Foda-se! Isto está mesmo mal... Tirem já as bandeiras da porra das janelas e vão de imediato para Belém gritar contra o estado político da nação. Para além de termos de gramar com o Satana e com o Portas no governo deste país, ainda vamos ter de ouvir possivelmente um yes man socialista chamado Lamego ou com um yes father chamado João Soares. Salvem-nos, please!!! Ok. Não existem hipóteses melhores. É o que há. Eu por mim, vou emigrar. É o que tenho vontade de fazer...
quinta-feira, julho 08, 2004
As pernas
As minhas pernas alongam-se. Juntam-se às tuas. Encostam-se e de forma prolongada namoram. Rimo-nos de escárnio pelo que fazem. As nossas, pernas. Nós gostámos.
quarta-feira, julho 07, 2004
Só... imagens senhor Presidente da República.
Um pensará (?). Outro deseja subir...para quê?
Swan, Scott Mutter. ************** Escalator, Scott Mutter.
terça-feira, julho 06, 2004
segunda-feira, julho 05, 2004
Crepúsculo dos Deuses
Um sorriso de espanto brotou nas ilhas do Egeu
E Homero fez florir o roxo sobre o mar
O Kouros avançou um passo exactamente
A palidez de Atena cintilou no dia
Então a claridade dos deuses venceu os monstros nos frontões de todos os templos
E para o fundo do seu império recuaram os Persas
Celebrámos a vitória: a treva
Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos
O grito rouco do coro purificou a cidade
Como golfinhos a alegria rápida
Rodeava os navios
O nosso corpo estava nu porque encontrara
Sua medida exacta
Inventámos: as colunas de Sunion imanentes à luz.
O mundo era mais nosso cada dia
Mas eis que se apagaram
Os antigos deuses sol interior das coisas
Eis que se abriu o vazio que nos separa das coisas
Somos alucinados pela ausência bebidos pela ausência
E aos mensageiros de Juliano a Sibila respondeu:
"Ide dizer ao rei que o belo palácio jaz por terra quebrado
Febo já não tem cabana nem loureiro profético nem fonte melodiosa
A água que fala calou-se"
Sophia de Mello Breyner
E Homero fez florir o roxo sobre o mar
O Kouros avançou um passo exactamente
A palidez de Atena cintilou no dia
Então a claridade dos deuses venceu os monstros nos frontões de todos os templos
E para o fundo do seu império recuaram os Persas
Celebrámos a vitória: a treva
Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos
O grito rouco do coro purificou a cidade
Como golfinhos a alegria rápida
Rodeava os navios
O nosso corpo estava nu porque encontrara
Sua medida exacta
Inventámos: as colunas de Sunion imanentes à luz.
O mundo era mais nosso cada dia
Mas eis que se apagaram
Os antigos deuses sol interior das coisas
Eis que se abriu o vazio que nos separa das coisas
Somos alucinados pela ausência bebidos pela ausência
E aos mensageiros de Juliano a Sibila respondeu:
"Ide dizer ao rei que o belo palácio jaz por terra quebrado
Febo já não tem cabana nem loureiro profético nem fonte melodiosa
A água que fala calou-se"
Sophia de Mello Breyner
domingo, julho 04, 2004
Para sempre Sophia...
Para sempre Sophia. A tua voz não se calará. Os teus versos não se apagarão. Num livro que escreveste estarás sempre. Presente.
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner